As dificuldades cinematográficas do romance entre Aragorn e Arwen

A história de Aragorn e Arwen quase não aparece nos livros de O Senhor dos Anéis. Isso porque a intenção era para eles serem escritos pelos próprios hobbits, como eles não acompanharam o tempo todo as aventuras de Frodo, Bilbo e os outros, era meio que impossível encaixar a história do casal na história principal.

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Então, a solução foi colocá-la em formato de conto, em um apêndice dos livros, como se fosse uma história preservada em Gondor. Para JRR Tolkien, o romance era essencial para a história, podemos dizer que esse formato funciona muito bem onde é colocado. É gostoso lê-lo após toda a saga do anel.

Mas imaginem o quanto foi difícil adaptar o conto para as telas e encaixá-lo no meio da história. Aconteceu que Arwen quase não aparece nos filmes e Aragorn, embora muito importante para história, tem sua parte romântica muito prejudicada. Mesmo assim, foi uma adaptação satisfatória, visto que não teria outra forma de expô-lo.

A aparição de Arwen na história é muito gratificante. Ela desempenha um papel importante, salvando Frodo do ferimento causado pelos Espectros do Anel. Ela toma o lugar de Glorfindel, e faz mais do que ser apenas um caso amoroso, além de protagonizar uma cena de ação muito empolgante.

Se nos livros Aragorn vai atrás de ser rei, nos filmes, ele ainda tem dúvidas. E quem o encoraja a seguir seu destino é Arwen, que troca a imortalidade de seu povo para ficar ao seu lado, com isso, sela a ação dando-lhe o colar Evenstar.

O casal também protagoniza uma das cenas mais lindas visualmente falando, que é a da ponte, onde são iluminados apenas pela luz da manhã. Esperávamos mais flashbacks com cenas igualmente bonitas do início do romance dos dois, parece que existiram estas cenas, mas nunca foram mostradas aos fãs, infelizmente.

Em As Duas Torres, o papel de Arwen foi prejudicado, pois era para ela ter tido mais tempo de tela e função na história. Ela viajaria com Elrond para Lothlórien, acompanharia os elfos até a batalha no Abismo de Helm, onde lutaria ao lado de Aragorn e ainda lhe daria a espada Andúril, Chama do Oeste.

Para não transformar Arwen em uma princesa guerreira, ela percorre uma jornada onde sofre com as possíveis consequências de sua escolha em permanecer na Terra-média, Elrond consegue convencê-la a ir para os Portos Cinzentos, mas ela tem uma visão de seu filho com Aragorn e vai para Valfenda esperar seu destino.

Há uma cena em O Retorno do Rei, que Aragorn sonha com uma Arwen que parece doente, o que confundiu os fãs, que pensaram que ela podia estar daquele jeito devido alguma conexão com o anel. Mas o que o filme queria passar, era que, por se tornar mortal, sua vida agora dependia da destruição do anel, mas não especialmente sua vida e sim, a de todos os mortais da Terra-Média. A tentativa de dramatização não causou o efeito desejado e atrapalhou um pouco o entendimento de quem assistia.

Toda a tensão de Elrond tentando levar a filha para proteger de um destino de tristezas é muito crível, pois ele sabe o que significa a mortalidade. E quando Arwen pensa em ir embora com os Elfos, no livro, ela tem uma visão de como é a mortalidade. Ela vê a morte de Aragorn, e todo seu sofrimento em decorrência dela, depois sua morte solitária em Lothlórien. Mesmo assim, Arwen volta para seu compromisso com Aragorn e aceita seu destino.

Seria interessante ter mostrado a cena dramática da morte dele, e todas as coisas bonitas ditas na passagem: “Devemos ir com tristeza, mas não com desespero”, é uma das coisas que ele diz antes de partir. Porém, entendemos que seria muito tempo de tela para esta cena, em um longa que tem mais de 2 horas.

Mas apesar de todas as controvérsias, a adaptação do conto ficou muito bem feita. É de se imaginar a dificuldade de emendar um conto dentro de uma história tão complexa e ainda agradar os fãs. E se formos reparar, temos mais acertos do que erros nesta história.