Antes de Newton, estas eram as teorias surpreendentes sobre a gravidade

Descubra as perspectivas fascinantes e por vezes controversas que surgiram antes das descobertas de Newton.

De Aristóteles a Newton: A Evolução das Ideias Sobre a Gravidade
Imagem: Reprodução/Getty Images

Você já se questionou como as coisas eram explicadas antes mesmo de serem provadas e explicadas oficialmente? Ficou confuso? Vamos ver um exemplo para facilitar a compreensão.

A lei da gravidade universal, que explica por que as coisas caem, foi formulada por Isaac Newton (1643-1727) em sua obra “Philosophiae Naturalis Principia Mathematica”, em 1687.

Mas é óbvio que as coisas já caíam antes que Newton explicasse como isso funcionava. Então, como as pessoas enxergavam esse fenômeno? E qual era a explicação dada para ele antes do século XVII? É isso que você vai descobrir a seguir.

Como se explicava a gravidade antes de Newton?

Para responder a essa pergunta, precisamos voltar muitos anos na história da ciência, até encontrarmos Aristóteles (384 a.C. – 322 a.C.). Considerado um grande pensador e influente da história ocidental o sábio grego possuía a sua própria lógica e opiniões.

De acordo com o físico Rodrigo Panosso Macedo, Aristóteles entendia que existia uma tendência natural de pertencimento dos elementos e que, em algum momento, cada um deles voltaria à sua posição inicial.

Ou seja, se algo era feito da terra, a tendência natural é que esse “algo” voltasse para a terra. Se o objeto era feito de ar, então, em determinado momento, ele voltaria para o ar, e por isso ele subia.

Voltando um pouco mais no tempo, antes mesmo de Aristóteles, o escritor Bruno Rainho Mendonça traz em seu livro algumas referências sobre as explicações dos sábios hindus para o entendimento do fenômeno.

Uma representação feita, possivelmente, no século VIII a.C. mostra que os filósofos da época já acreditavam que a gravidade mantinha o sistema solar unido, e que o sol possuía a maior massa e deveria ocupar a posição central dele.

Um registro de um hindu chamado Kanada, que viveu na época, mostra que ele associava “o peso” à queda, entendendo-o como o causador do fenômeno. Hoje, já entendemos que a intuição do sábio hindu estava no caminho certo, mas que ainda faltavam algumas peças para completar esse quebra-cabeça.

Entretanto, os físicos e pesquisadores atribuem o marco zero no conceito de gravidade a Aristóteles. Mesmo que seu trabalho não tenha representado todo o cenário atual, seu conhecimento se difundiu e foi o início para o entendimento de muitos fenômenos.

O físico, filósofo e historiador José Luiz Goldfarb, professor de História da Ciência na PUC-SP, falou um pouco mais sobre as contribuições de Aristóteles para o entendimento da gravidade:

“Até a modernidade, com as novas pesquisas e teorias desenvolvidas na renascença […], a física aristotélica predominou em muitos centros de estudos da Antiguidade e Idade Média. […]

Ele explicava a queda dos corpos pela ideia de que a Terra era o centro do universo, e os corpos pesados tendiam a ocupar seu lugar natural neste centro”.

Em outras palavras, “é dizer que as coisas caem quando estão soltas, pois tendem a ocupar seu lugar natural no centro do Universo, a Terra”, finaliza.

Outras contribuições de teorias sobre a gravidade

De Aristóteles a Newton: A Evolução das Ideias Sobre a Gravidade
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Com ideias um pouco mais distintas de Aristóteles, o filósofo e astrônomo iraniano Abd al-Rahman al-Khazini (1077-1155) acreditava que corpos pesados em queda se movimentavam sempre em direção ao centro do planeta, e que a gravidade dos corpos dependia da sua distância em relação ao centro da Terra.

Além dessa, muitas outras teorias surgiram durante todo esse intervalo de tempo, e uma das mais famosas diz respeito ao conceito da inércia.

Para o físico Fábio Raia, professor da Universidade Presbiteriana Mackenzie, a teoria mais comentada da época era a teoria do ímpeto, que dizia que o contínuo movimento de um corpo se dá pela ação constante da força, e que quando esta cessasse, o corpo voltaria ao seu estado de movimento natural.

O físico relembra que haviam vozes que não concordavam na época, como a do filósofo e teólogo francês Jean Buridan (1301-1358), que “propôs uma teoria alternativa para explicar a queda dos objetos”:

“Ele argumentou que os objetos caíam devido a uma força interna que os impelia para baixo, mas não conseguiu explicar o que causava essa força”, conta o professor.

É importante lembrar que dois outros nomes bastante famosos também estudaram a queda dos objetos: Leonardo da Vinci (1452-1519), que propôs que a velocidade da queda dependia da densidade do objeto e da resistência do ar, e Galileu Galilei (1564-1642), que determinou que todos os objetos caíam com a mesma aceleração, independente do seu peso.

No entanto, nenhum dos dois conseguiu formular uma lei universal para explicar esse fenômeno. Por isso, muitos consideram a sacada de Newton genial, já que ele conseguiu.

Certamente o físico possuía um conhecimento acumulado por seus antecessores e, com isso, conseguiu não só entender uma força universal, como também torná-la um fenômeno explicável.

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