Ancestrais e seus dentes perfeitamente alinhados: entenda este enigma evolutivo
Dieta, mandíbula e dentição: a jornada da evolução humana!
O uso de aparelhos ortodônticos é uma prática comum na odontologia moderna, ajudando milhões de pessoas a corrigirem problemas de má oclusão a alcançarem sorrisos mais saudáveis e esteticamente agradáveis.
Acredita-se que o francês Pierre Fauchard foi o responsável pela invenção do primeiro aparelho ortodôntico, em 1728. Fauchard, frequentemente chamado de “pai da odontologia moderna”, desenvolveu uma estrutura metálica removível conhecida como “bandeau” para corrigir a posição dos dentes.
No entanto, esse dispositivo inicial era rudimentar em comparação com os aparelhos ortodônticos contemporâneos. Porém, a tecnologia desempenhou um papel importante na evolução dos aparelhos ortodônticos.
A introdução de materiais como o aço inoxidável, a porcelana e o plástico trouxe mais opções para os pacientes, permitindo maior conforto e estética durante o tratamento.
Olhando para o passado
Hoje, não vamos necessariamente olhar para o presente para analisar os aparelhos ortodônticos modernos, mas, sim, pretendemos olhar definitivamente para o passado muito distante de nós, especificamente para a Idade da Pedra.
Isso porque é de lá que aprenderemos que nossos ancestrais não estavam muito preocupados em arrumar os dentes, pois isso era uma condição natural deles.
Sim, segundo Daniel Lieberman, em seu livro “A História do Corpo Humano”, quando se fala nos dentes dos humanos da Idade da Pedra, há um raciocínio um tanto quanto intrigante.
Ele afirma que, comparando os crânios de pessoas modernas com crânios de pessoas da Idade da Pedra, observa-se a presença de muitas cáries e abscessos na dentição dos que viveram poucos anos atrás.
De acordo com Daniel:
“A maioria dos crânios dos últimos cem anos é o pesadelo de um dentista: eles estão cheios de cáries e infecções, os dentes estão apinhados na mandíbula e cerca de um quarto deles tem dentes impactados.
Em contraste, a maioria dos caçadores-coletores tinha saúde dental quase perfeita. Aparentemente, ortodontistas e dentistas raramente eram necessários na Idade da Pedra.”
Esse sorriso lindo…
Apesar da falta de tecnologia avançada e dos recursos odontológicos modernos, alguns estudos e descobertas arqueológicas sugerem que muitos indivíduos dessa época apresentavam dentes surpreendentemente bem atendidos.
Uma das razões que explica isso é a dieta predominante dos caçadores-coletores. Naquela época, as pessoas se alimentavam principalmente de alimentos naturais e não processados, como carnes, peixes, frutas, vegetais e raízes.
Essa dieta era rica em fibras, vitaminas e minerais essenciais para o desenvolvimento adequado da mandíbula e dos dentes.
Outro estudo importante nessa área foi publicado pelos ortodontistas Sandra Kahn e Paul R. Ehrlich, da Universidade de Stanford, nos EUA.
Eles relatam que as mudanças na dieta e nos hábitos alimentares ao longo da evolução humana podem ter contribuído para a alteração do tamanho da mandíbula e o consequente desalinhamento dos dentes.
Antes da Idade da Pedra, os seres humanos se alimentavam principalmente de alimentos crus e duros, como carne crua e vegetais fibrosos. Essa dieta exigia uma mastigação mais intensa e prolongada, exercitando os músculos da mastigação e promovendo o desenvolvimento adequado da mandíbula.
Com o advento da agricultura e a descoberta do fogo, houve uma mudança significativa na dieta humana. Os alimentos passaram a ser cozidos, macios e cortados em pedaços menores. Isso trouxe a necessidade de uma mastigação menos intensa e pouco exercício dos músculos da mandíbula.
Ao longo do tempo, essas mudanças alimentares levaram a uma diminuição gradual do tamanho da mandíbula, pois não era mais necessário ter uma mandíbula grande e robusta para lidar com alimentos duros e fibrosos.
Consequentemente, a diminuição do tamanho da mandíbula pode ter afetado o espaço disponível para os dentes se posicionarem corretamente, gerando assim dentes desalinhados.