74 anos de vida e motorista de Uber: conheça Dona Maria Albina, a ‘Bisa do Uber’
Com quase 75 anos, Dona Maria Albina, ou 'Bina', como gosta de ser chamada, realizou mais de 20 mil viagens com o Uber.
Em Santos, litoral paulista, uma senhora ficou conhecida por trabalhar como motorista de aplicativo. A “vovó do Uber”, Maria Albina Oliveira da Cruz, é aposentada e trabalha há 4 anos na Uber.
Com mais de 20 mil viagens realizadas, Bina se tornou bisavó em 2022, o que não a impediu de parar de trabalhar. Em entrevista concedida à UOL, ela diz:
“Eu era a vovó do Uber, agora sou a bisa.”
A idade não parece ser um problema para Bina, que afirma trabalhar todos os dias, exceto às segundas-feiras. Os horários em que ela costuma rodar geralmente são das 7h às 11h e das 15 às 19h.
Os passageiros deixam claro como aprovam o trabalho da motorista, que possui avaliação de cinco estrelas em 3 mil corridas realizadas, tendo recebido o selo de motorista “diamante” do aplicativo. Há seis meses, um passageiro afirmou:
“Simpatia e tranquilidade no trânsito; nota mil!”
Na pandemia, Bina não parou de trabalhar. Usando máscara e se atentando às precauções de segurança, somente se recolheu nos períodos mais críticos.
Ela diz que sua maior motivação não é o dinheiro, mas, sim, o fato de amar dirigir. Sua maior fonte de renda é o salário de uma aposentadoria privada e de aluguéis de pequenos imóveis que administra.
Dirigir por amor
A sua paixão pela direção é antiga. Desde mais jovem, ela gostava de dirigir motocicletas dentro e fora do Brasil. Bina diz ter namorado um rapaz que também era amante de motos. A senhora conta ainda que eles chegaram a ir até o Paraguai revezando a plotagem do trajeto, que durou mais de uma semana.
Em São Paulo, sua maior companhia na juventude era sua moto. Com ela, Bina afirma ter feito trajetos como Santos a São Sebastião em 1h30min, o que geralmente demora cerca de quatro horas de carro. Na entrevista feita para a UOL, ela contou: “Corria mesmo, uma sensação de liberdade incrível”.
Sua “versão motoqueira” só acabou aos 65 anos, quando sofreu um acidente num cruzamento e fraturou a clavícula. Então, ela achou mais prudente vender a moto para não se arriscar tanto no trânsito, mas continuou dirigindo seu carro, fazendo dele sua profissão.
Bina afirma que você não precisa ter uma idade limite para ter uma profissão. Qualquer idade é possível, depende da cabeça da pessoa. A motorista de aplicativo acredita que: “A idade está na mente, não no corpo”.
Assim, sua profissão é vista por Bina como uma diversão para ocupar seus dias. O ritmo de trabalho não a cansa, uma vez que o enxerga como um prazer diário, tornando a rotina satisfatória. Ela menciona na entrevista:
“Na vida, a gente tem que fazer o que ama, sem se preocupar com bens materiais. Isso acaba, é ilusão. Quero morrer fazendo o que eu gosto: passear, me aventurar. Sem isso, a vida seria um tédio. Não teria a menor graça.”
Problemas existem, mas dá para lidar
De todas as viagens que realizou, apenas em quatro delas os passageiros foram desagradáveis. Sua paciência se esgotou com três deles, e ela até pediu para descer do carro.
Na última vez que enfrentou uma situação assim, um casal entrou no carro com uma criança, e o homem estava muito nervoso porque havia pedido outro Uber que parou do outro lado da rua e não quis atravessar.
Com isso, o homem ficou gritando dentro do carro, xingando o aplicativo e a empresa e ofendendo os motoristas. Ela diz só não ter expulsado ele do carro por conta da criança, mas ela afirma serem raros casos como esse; geralmente ela é bem tratada e ainda sempre trata todos muito bem.
Bisavó do Uber e na vida real
Em março, Bina fará o aniversário de 75 anos, no mesmo mês que sua bisneta Ísis completará 1 ano. A criança é filha do neto dela, Gabriel, com sua esposa Adriana. O casal mora com a motorista de aplicativo na residência da família no bairro de Embaré. Ela diz ter esperança de sua bisneta ter herdado seu espírito aventureiro, por ter o mesmo signo que ela, peixes.
Mesmo com a chegada de Ísis, ela não perde o desejo de trabalhar, por isso a rotina não mudou. Bina afirma só ficar em casa cuidando da bisneta quando realmente precisa.