Scorsese critica Hollywood por não valorizar arte em razão de lucro

O diretor Martin Scorsese criticou Hollywood por julgar o valor de um filme com base apenas nos lucros de sua bilheteira. Scorsese é um dos diretores mais famosos do universo dos filmes e já entregou produções grandiosas para os cinemas, tendo algumas produções em seu currículo que são consideradas clássicos.

Filmes do começo de sua carreira, como “Taxi Driver” e “Raging Bull”, são rotineiramente apresentados nas escolas de cinema como modelos de trabalho. Scorsese é conhecido por vários filmes de gângsteres que os fãs ainda amam, tendo sido responsável por produções como “Goodfellas”, “Casino”, “The Departed” e “The Irishman”.

Até agora, Scorsese tem nove filmes indicados ao Oscar de Melhor Filme e nove de Melhor Diretor. Infelizmente, para a tristeza de muitos, ele só ganhou uma única vez como Melhor Diretor por “Os Infiltrados”, que também obteve o prêmio de Melhor Filme. No entanto, muitos entenderam que sua vitória estava muito atrasada quando ele ganhou.

Contudo, a paixão de Martin Scorsese pelo cinema está bem documentada, com o diretor se esforçando para preservar o que ele ama enquanto, às vezes, cita o que vê isso como uma barreira à arte, como os filmes da Marvel. E é com base nisso que o diretor expressa preocupação com o estado atual da indústria cinematográfica e de Hollywood.

Ao se pronunciar no Festival de Cinema de Nova York para expor seu documentário, “New York Dolls”, no clipe compartilhado por Ellen Houlihan, Scorsese falou sobre como a dependência de Hollywood pelas bilheterias está prejudicando o cinema.

Ele condenou Hollywood por julgar o sucesso do filme em termos puramente financeiros, o que faz com que a arte exibida se desvalorize. Scorsese disse:

“Desde os anos 1980, há um foco em números. É meio repulsivo. O custo de um filme é uma coisa. Entenda que um filme custa uma certa quantia e eles esperam pelo menos recuperar o valor. A ênfase agora está em números, custo, fim de semana de estreia, quanto ele fez nos EUA, quanto ele fez na Inglaterra, quanto ele fez na Ásia, quanto ele fez no mundo inteiro, quantos espectadores ele conseguiu.

Como cineasta e como uma pessoa que não consegue imaginar a vida sem cinema, sempre acho isso muito ofensivo. Sempre soube que tais considerações não têm lugar no Festival de Cinema de Nova York, e aqui está a chave também com isso: não há prêmios aqui. Você não precisa competir. Você só precisa amar o cinema.”

Enquanto Scorsese é conhecido por amar o cinema como arte, há alguma verdade em seus comentários. Em geral, os filmes de maior bilheteira costumam ser considerados bem-sucedidos, mesmo que não sejam considerados grandes filmes.

Um exemplo disso é “Esquadrão Suicida”, de 2016, que tem uma categorização de 26% no Rotten Tomatoes, mas arrecadou mais de US$ 746 milhões em todo o mundo provavelmente com base em marketing e reconhecimento de papéis em vez de qualidade.

Além disso, filmes como a comédia de Adam Sandler “Grown Ups”, de 2010, foram odiados pelos críticos, mas arrecadaram mais de US$ 271 milhões em todo o mundo com um orçamento de US$ 80 milhões, que também gerou uma sequência.

Mesmo quando filmes como “A Ressaca”, que arrecadou mais de US$ 469 milhões em todo o mundo, são louvados pela crítica, poucos os chamariam de arte de cinema. Então, enquanto alguns, como os estúdios de cinema, podem não consentir com os comentários de Scorsese, outros certamente têm razão ao concordarem com ele.

Até mesmo na própria filmografia de Scorsese há modelos como “Silence” e “Bringing the Dead” que foram amados pela crítica, mas não representam sucesso nos cinemas. Esses filmes provavelmente foram considerados fracassos pelos estúdios, que perderam dinheiro com eles, mas sobreviveram como grandes obras de cinema de arte; então, foi com base nisso que os comentários de Scorsese repercutiram.

Por fim, enquanto o cinema no cenário atual depende das receitas de bilheteria, cineastas como Scorsese prosseguem lutando pela arte dentro dessa indústria.