Coreia do Sul oferece até R$ 80 mil para jovens se casarem, mas eles não estão interessados
Governo sul-coreano oferece ajuda financeira significativa para incentivar casamentos, mas enfrenta desafios socioculturais que dificultam o sucesso da iniciativa.
Em meio a uma crise de natalidade, a Coreia do Sul aposta em programas financeiros para promover casamentos. Contudo, os esforços têm se mostrado insuficientes diante de mudanças culturais e econômicas significativas.
Com uma baixa taxa de nascimento, o país tenta reverter o cenário oferecendo incentivos financeiros generosos para jovens que decidam se casar. Entretanto, a resistência dos sul-coreanos em aderir a esses programas levanta questões sobre sua eficácia.
Programas de incentivo e a crise demográfica
As autoridades sul-coreanas têm investido em programas que visam incentivar relacionamentos, oferecendo até R$ 80 mil como presente de casamento. Distritos como Saha-gu em Busan, por exemplo, lançaram projetos para estimular encontros entre jovens.
Busan, uma das regiões mais afetadas pela crise demográfica, viu sua população diminuir de 3,8 milhões nos anos 1990 para 3,4 milhões em 2010. Paralelamente, a Coreia se tornou uma sociedade envelhecida, com 20% da população acima dos 65 anos.
Apesar do incentivo, o programa enfrenta resistência por parte dos jovens coreanos (Foto: iStock)
Desafios além do dinheiro
Apesar do apoio financeiro, o sucesso dos programas tem sido limitado. Segundo o The Wall Street Journal, nenhum participante do programa de Saha-gu requisitou a recompensa de R$ 80 mil. A questão vai além do incentivo financeiro.
Pesquisas indicam que muitos sul-coreanos não veem problema em permanecer solteiros. Desafios econômicos, como o alto custo de vida e as longas jornadas de trabalho, além das barreiras enfrentadas por mulheres no mercado de trabalho, também desestimulam o casamento.
Programas de namoro falharam em atrair participantes, muitas vezes devido à burocracia e à falta de interesse das mulheres. Isso levanta dúvidas sobre a capacidade do governo de agir efetivamente como um “cupido”.
Nos últimos três anos, apenas 24 dos 4.060 participantes dos programas de emparelhamento de governos locais se casaram.
Apesar do aumento de nascimentos e casamentos em 2024, ainda há incertezas sobre a efetividade dessas iniciativas a longo prazo.