Mais de 100 blocos cancelam desfiles de Carnaval em SP; entenda os motivos
Entenda o que tem gerado os diversos cancelamentos de desfiles dos blocos no Carnaval de rua paulista.
O Carnaval de rua em São Paulo está prestes a começar, mas a cidade enfrenta uma onda de cancelamentos de blocos que tem surpreendido o público.
Mais de 100 blocos, que inicialmente estavam programados para participar da festa, anunciaram o cancelamento de seus desfiles, deixando público e foliões perplexos.
Os motivos por trás desse cancelamento em massa são variados, envolvendo desde questões financeiras até insatisfação relacionada à prefeitura.
Muitos organizadores alegam que a falta de recursos e a percepção de certas problemas de infraestrutura e planejamento por parte da prefeitura são os principais motivadores da decisão.
De acordo com informações divulgadas pelo G1, a prefeitura estabeleceu um prazo até 30 de dezembro do ano anterior para que os blocos comunicassem oficialmente o cancelamento.
Entretanto, alguns grupos perceberam que não conseguiriam se apresentar após essa data, o que levou a uma série de desistências.
Imagem: Shutterstock/Reprodução
Menos folia em São Paulo?
O pesquisador Guilherme Varella relaciona parte desses problemas a mudanças decorrentes de um decreto de 2014, o decreto 54.815.
Essa determinação proibiu cordas, grades e abadás nos blocos, sem, no entanto, estabelecer sanções para quem desrespeitasse a regra.
A prefeitura também implementou um cadastro obrigatório para os grupos, visando fornecer estrutura para o evento, como banheiros químicos, além de organizar o trânsito durante os desfiles.
Em 2018, o cadastro tornou-se obrigatório e novas regras foram implementadas, incluindo sanções para os grupos que não seguissem as diretrizes.
Já em 2024, novas restrições foram estabelecidas, como um horário-limite para os cortejos e a vistoria obrigatória de trios elétricos para megablocos.
Essas mudanças e a demora na organização do evento têm preocupado os organizadores de blocos.
A oferta limitada de recursos e as restrições impostas, principalmente sobre os blocos menores, tornam a realização dos desfiles cada vez mais difícil.
Além disso, a falta de diálogo efetivo com a prefeitura e a demora em obter informações detalhadas sobre a festa têm gerado desconforto entre os realizadores.
Diante das desistências, o prefeito Ricardo Nunes (MDB) atribuiu parte da responsabilidade aos próprios blocos, alegando que são organizados de forma independente da prefeitura.
Segundo ele, a infraestrutura é fornecida pela administração municipal, mas a desistência de ‘um ou outro’ bloco é um problema interno da organização deles.
O Carnaval em São Paulo este ano promete ser marcado não apenas pela festa, mas também por discussões sobre a organização do evento e a relação entre os blocos e as autoridades municipais.