3 vezes maior que o Brasil: tamanho do buraco na camada de ozônio preocupa cientistas
O buraco na camada de ozônio sobre a Antártica atingiu três vezes o tamanho do Brasil em setembro, surpreendendo negativamente os cientistas.
A camada de ozônio, uma das defesas naturais da Terra contra a radiação ultravioleta prejudicial do Sol, tem sido alvo de preocupação devido ao alarmante aumento do buraco na ozonosfera sobre a Antártica.
As observações feitas pelo satélite Copernicus Sentinel-5P da Agência Espacial Europeia (ESA) revelaram que o buraco atingiu uma área cerca de três vezes o tamanho do Brasil em meados de setembro, totalizando cerca de 26 milhões de quilômetros quadrados.
Embora a expansão sazonal desse fenômeno seja conhecida, a magnitude do aumento deste ano é uma fonte de preocupação e de questionamentos por parte dos cientistas.
A dimensão assustadora do buraco na camada de ozônio
O buraco na camada de ozônio é um fenômeno que ocorre sazonalmente, sendo mais acentuado entre o final de setembro e o início de outubro. Isso se deve ao resfriamento nos meses anteriores, o que facilita as reações químicas que levam à destruição do ozônio.
Com a chegada da primavera e o aumento das temperaturas no Hemisfério Sul, o vórtice polar, que concentra o ar frio sobre a Antártica, se desintegra e os níveis de ozônio retornam ao normal até o final de dezembro.
Imagem: Yandex/Reprodução
No entanto, este ano chamou a atenção dos cientistas, pois o aumento do buraco na camada de ozônio começou mais cedo do que o esperado.
Especialistas do Serviço de Monitoramento da Atmosfera Copernicus da ESA notaram um rápido crescimento desde meados de agosto. Isso levanta questões sobre as causas desse aumento e suas implicações.
O porquê do aumento
Uma das teorias para explicar o tamanho excepcional do buraco na camada de ozônio neste ano está relacionada a uma erupção vulcânica.
Em janeiro de 2022, o vulcão Hunga Tonga entrou em erupção, liberando um excesso de vapor de água na atmosfera. Surpreendentemente, essa emissão de vapor ocorreu após o término do buraco na camada de ozônio em 2022.
Os cientistas acreditam que o vapor de água liberado pela erupção do vulcão possa ter aumentado a formação de nuvens estratosféricas polares.
Essas nuvens estratosféricas polares são onde os clorofluorcarbonetos (CFCs) podem reagir e acelerar a destruição da camada de ozônio.
Além disso, a presença do vapor de água contribui para o resfriamento da estratosfera antártica, o que, por sua vez, intensifica a formação dessas nuvens e fortalece o vórtice polar.
Será que ainda há caminhos possíveis?
O Protocolo de Montreal, estabelecido em 1987, proibiu o uso de substâncias prejudiciais à camada de ozônio, como os clorofluorcarbonetos. No entanto, mesmo após a proibição, o buraco na camada de ozônio persiste e, provavelmente, a camada de ozônio não voltará ao seu estado original antes de 2050.
O aumento do buraco na camada de ozônio destaca a complexidade das interações atmosféricas e a necessidade contínua de monitoramento e ação para proteger nossa atmosfera.
Enquanto os cientistas buscam entender o fenômeno deste ano, os esforços para mitigar as emissões de substâncias prejudiciais à camada de ozônio continuam sendo uma prioridade para preservar a saúde do nosso planeta.
O tamanho anormal do buraco na camada de ozônio este ano é um lembrete da importância de permanecermos vigilantes em relação às mudanças climáticas e aos impactos que elas podem ter em nosso ambiente e saúde.