História de homem que aplicava golpes pelo Tinder vira documentário

Leviev encerrou sua conta do Instagram e prometeu contar a “sua própria versão da história” nos próximos dias

Neste mês, a Netflix lançou o documentário ‘O Golpista do Tinder’, que conta a história de três mulheres que foram vítimas de golpes através do aplicativo de relacionamentos. Apesar de cumprir o seu papel de conectar pessoas novas, o Tinder também pode ser usado como ferramenta por criminosos e pessoas má intencionadas.

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Esse era, justamente, o caso de Simon Leviev, um homem cujos truques e golpes são expostos nesse novo documentário da Netflix. A partir dos relatos da norueguesa Cecilie Fjellhøy, da holandesa Ayleen Charlotte e da sueca Pernilla Sjoholm, a história se desenrola. Todas são vítimas de Simon Leviev, que conheceram através do Tinder.

Apesar de não ser possível confirmar uma quantia exata, é sugerido que as jovens tenham transferido milhões de dólares para Leviev, numa história publicada pela primeira vez em 2019, pelo jornal norueguês VG. Apesar de extensas conversas no WhatsApp e horas de material em vídeo gravados por Leviev, que servem de evidência para comprovar o golpe, Simon Leviev segue aproveitando sua impunidade, já que está livre e nega ter roubado o dinheiro. A única “punição” que o golpista sofreu, até agora, foi ter sua conta do Tinder cancelada (somente após a repercussão do documentário).

 

Afinal, de onde veio esse golpista?

Vários jornais e veículos investigativos de informação levantaram a informação de que, na verdade, o nome “Simon Leviev” é “apenas um pseudônimo” usado pelo israelense Shimon Yehuda Hayu, nascido em 1990, em Tel Aviv, a segunda maior cidade de Israel.

O histórico com problemas com a lei do israelense não são novos. Em 2011, ele foi acusado de roubo e falsidade ideológica, ao assumir a identidade de pessoas para quem trabalhava e usá-las para descontar cheques no nome dos mesmos. Essas acusações determinaram que ele fosse condenado a 15 meses de prisão, isso fez com que ele fugisse de Israel pela fronteira com a Jordânia e dali partisse para a Europa. Tudo isso foi feito com passaportes falsos.

Apesar de ter conseguido se manter escondido e sem chamar atenção por quatro anos, novamente, ele foi acusado de fraude na Finlândia. Dessa vez, sendo capturado e obrigado a cumprir um mandado de prisão de três anos. Isso ocorreu após ser denunciado por três mulheres.

Após cumprir sua sentença, Shimon Yehuda Hayu retornou a Israel e mudou legalmente o seu nome, passando a ser conhecido como Simon Leviev, nome que, atualmente, estampa diversas manchetes de jornal que orientam para os perigos de confiar em estranhos em aplicativos da internet.

Após resolver seus problemas com a justiça e mudar de nome, Simon Leviev retornou ao exterior e passou a investir boa parte de seu tempo em seduzir mulheres no Tinder, supostamente com o intuito de pedir dinheiro para bancar seu luxuoso estilo de vida.

A narrativa que Simon Leviev criou para impressionar as mulheres com que conversa é a de que ele seria o filho de um milionário do ramo de vendas de diamantes que precisa de constante proteção por conta de “seus inimigos”, que estão sempre de olho nele. Leviev alimenta essa ilusão ao mostrar fotos e vídeos em jatos particulares, acompanhado de dois seguranças.

Dessa forma, ele cria a premissa e um cenário perfeitos para executar seus golpes. De acordo com as vítimas, após um tempo de relacionamento e depois de já ter criado intimidade com essas mulheres, Leviev diz que está tendo “problemas de segurança” e passa a pedir dinheiro emprestado. As mulheres, por um motivo ou outro, acabam cedendo aos pedidos de Leviev, que promete devolver o dinheiro assim que conseguir resolver os seus “problemas de segurança”.

Nós podemos pensar em vários motivos que fazem o golpe funcionar: primeiramente, no momento em que pede dinheiro, o golpista já criou um vínculo de confiança com suas vítimas, em segundo lugar, a sua desculpa, de “resolver problemas que o fazem correr risco de vida”, é, imediatamente, justificada pela narrativa que Leviev introduz desde o início do golpe, de que seria um milionário “com vários inimigos”.

Depois que as vítimas fazem as transferências e depósitos, ele simplesmente some, deixando-as sem dinheiro algum ou com dívidas exorbitantes. Quando a norueguesa  Cecilie Fjellhøy percebeu que havia caído em um golpe, decidiu que deveria contar sua história na mídia.

 

Por onde anda Simon Leviev?

Depois do jornal norueguês VG publicar um verdadeiro dossiê sobre o golpista israelense, desde 2019 a história se espalhou para vários outros veículos de comunicação, dando origem inclusive ao recente documentário da Netflix. Toda essa repercussão fez com Simon Leviev tentasse fugir para a Grécia.

Além das acusações que enfrentava, Leviev ainda tentou realizar sua fuga com um passaporte falso, o que fez com que fosse detido em Atenas e deportado de volta para Israel. Em seu país de origem, o golpista foi condenado a pagar uma multa de 50 mil dólares como compensação às suas vítimas e a cumprir 15 meses de detenção.

Simon Leviev negou todas as acusações, mesmo aquelas que o fizeram ser condenado, por conta de políticas relacionadas ao controle da pandemia de covid-19, o israelense foi solto depois de apenas cinco meses preso.

Numa entrevista ao Canal 12 de Israel, Leviev diz que “nunca roubou um dólar sequer” das mulheres que conheceu no Tinder, ele deu a entender que elas teriam o denunciado como retaliação por “terem tido seus corações partidos” ou se arrependerem de estar em um relacionamento com ele. Ele ainda haveria dito que as mulheres que o acusaram “se divertiam, viajavam e conheciam o mundo” às suas custas.

Apesar de estar em liberdade em Israel, Simon Leviev é considerado foragido e procurado pela justiça dos países da Holanda, Noruega e Reino Unido. Depois do documentário da Netflix ter ido ao ar e “reacender” a história mais uma vez, Leviev encerrou sua conta do Instagram e prometeu contar a “sua própria versão da história” nos próximos dias. Até agora, o israelense não se pronunciou mais.

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