O poder dos jogos: Rússia parece usar games online para influenciar pessoas com sua narrativa da guerra
Por meio de sucessos atuais, o governo russo parece estar impondo ideais aos jogadores através da influência e encenações. Entenda!
Os videogames são, atualmente, uma vasta fonte de entretenimento e integram a cultura de diversos países. Contudo, essa popularidade extensa também atrai olhares voltados para interesses próprios, especialmente por causa do poder de influência dos jogos virtuais e da disseminação de ideias.
A manipulação de opiniões públicas é um fator importante para o empoderamento. Por isso, governos envolvidos em conflitos podem usar essas plataformas para estimular sua narrativa.
Curiosamente, de acordo com uma reportagem do The New York Times, a Rússia está utilizando jogos de sucesso como meio de comunicação para promover sua versão e percepção sobre a guerra contra a Ucrânia. E parece que jogadores ao redor do mundo já estão sendo influenciados por isso.
Governo russo promove narrativa da guerra na Ucrânia por meio de jogos
Imagem: Dol/Reprodução
Segundo fontes, tem havido um aumento nos casos de reproduções patrióticas e políticas em jogos online de sucesso. Um exemplo disso ocorreu no game “World of Tanks”, em que foi encenado o desfile de tanques da União Soviética após o 78° aniversário da derrota dos nazistas alemães.
Plataformas como a Steam e o Discord também são utilizadas para a propagação de ideias, mesmo após a suspensão das vendas de jogos realizada pela Microsoft, em resposta à invasão russa no território ucraniano.
Além disso, a famosa batalha de Soledar, que garantiu a posse da Rússia sobre terras ucranianas, foi reencenada no “Minecraft“, um dos jogos mais populares do mundo todo, e publicada na rede social russa VKontakte. Até mesmo jogos mais infantis, como o “Roblox”, foram usados como meio de comemoração do Dia da Rússia; nele, um usuário recriou o feriado do país.
O poder de manipulação alarmante
Imagem: Desfile de tanques da União Soviética/YouTube/Reprodução
Alguns pesquisadores, como a especialista em segurança cibernética Tanya Bekker, afirmam que as plataformas de jogos possuem grande poder de influência sobre a população jovem e podem impactar significativamente a opinião geral.
Foi revelado também, pelo chefe de segurança da Microsoft, Clint Watts, e pelo presidente atual, Brad Smith, que grupos militares russos, como o Grupo Wagner, parecem estar tentando infiltrar-se nos jogos com narrativas distorcidas, utilizando propagandas para torná-los ameaçadores e interessantes.
Conforme a consultoria ucraniana de ameaças online, Molfar, diversos jogos possuem propagandas em russo, sugerindo um público-alvo específico e, talvez, o estímulo ao alistamento entre os jovens.
As conclusões são precipitadas?
Embora a reportagem atraia olhares alarmistas, os dados não parecem inconsistentes, dado que o presidente da Rússia, Vladimir Putin, já demonstrou interesse em usar jogos eletrônicos como meio de influência para os jovens:
“Um jogo deve ajudar uma pessoa a se desenvolver, a se encontrar e a educá-la tanto dentro da estrutura dos valores humanos universais quanto dentro da estrutura do patriotismo.”
Além disso, o Dia da Rússia já foi comemorado no “Minecraft” com a presença de celebridades do país, além de um funcionário do Kremlin, órgão governamental russo.
Portanto, é evidente a associação entre o governo e a imposição de ideais em jogos. No entanto, vale ressaltar que isso não é exclusivo da Rússia, mas também ocorre em relações internacionais em jogos online.