Dispositivo que lê mentes: tecnologia pode evoluir a ponto de ‘matar’ liberdade de pensamento?

Por meio de sensores ligados ao cérebro e com uso de celulares, podemos colocar em risco nossa privacidade; veja como na matéria abaixo.

A tecnologia já avançou a tal ponto que a nossa própria liberdade individual às vezes entra em conflito. Por exemplo: muitos aplicativos que hoje passam a ser essenciais na socialização possuem permissões para acessar diversos dados do usuário.

Mas a exposição e controle não se limitam apenas a dados de redes sociais, indo muito além disso. Diversos aparelhos atuais podem medir quantidades de passos, fluxo sanguíneo, pressão arterial e até mesmo a pulsação do indivíduo.

Além disso, muitos dos dados obtidos são enviados a empresas, que podem utilizá-los como bem entenderem. A partir dessa realidade e com a soma da evolução tecnológica, é questão de tempo até que novos dispositivos possam analisar ondas cerebrais de maneira mais profunda.

Dispositivos tecnológicos poderão ler mentes?

Como a tecnologia pode evoluir para ler nossas mentes?
Foto: PopTika/Shutterstock

Segundo a professora de Ética de Tecnologias Emergentes, Nita Farahany, alguns “dispositivos vestíveis” já são realidade no mercado e podem usar sensores cerebrais capazes de rastrear a atividade do órgão. Para isso, usa-se um algoritmo de interpretação avançado, mas ainda limitado.

Embora possam descrever a atividade cerebral, esses aparelhos não têm a capacidade de ler nossos pensamentos detalhadamente. Muitos deles conseguem apenas medir níveis de atenção e interesse, estresse e alguns outros sentimentos.

Contudo, eles fazem isso pela interpretação de sinapses elétricas dos neurônios, não podendo descrever totalmente um pensamento. Entretanto, a soma dessa interpretação com o uso de celulares pode ser um sério risco aos direitos humanos, pois seríamos capazes de interpretar reações das pessoas ao analisarem partidos políticos, por exemplo.

Por isso, alguns especialistas tentam desvendar se essa tecnologia seria capaz de descobrir ainda mais informações pessoais, como senhas e endereços.

Essa possibilidade poderia prejudicar a humanidade?

Embora haja tratamentos de distúrbios psicológicos pelo uso de sensores cerebrais, o avanço descontrolado dessa tecnologia pode categorizar diversos problemas cerebrais a partir da análise de diferentes pessoas, mas isso não significa que todas elas possuem problemas.

Na verdade, isso poderia acarretar numa preocupação desnecessária com a saúde mental, supondo que fosse possível analisar os próprios dados.

Além disso, um algoritmo poderia classificar uma pessoa como “neuroatípica” sem uma certeza real. Já que possuímos diferentes cérebros com características distintas, um erro de classificação seria provável.

Ética no futuro da tecnologia

Indo além, essa invasão cerebral fere os direitos de liberdade cognitiva, que é a autodeterminação sobre o próprio cérebro. Essa liberdade deve estar incluída nos Direitos Humanos, para que haja uma responsabilidade pessoal do consumidor sobre suas informações.

A pesquisadora Farahany ainda explica que, ao estabelecermos limites sobre o direito à privacidade mental e liberdade de pensamento, poderíamos usar essa tecnologia para um benefício social. Ela acredita que se podemos usar essa ferramenta para o benefício da saúde, não há motivo para não o fazer.

Esse posicionamento se dá pelo impacto que esses dispositivos poderiam causar no atual avanço de doenças neurológicas, que muitas vezes não podem ser diagnosticadas.

Contudo, vale ressaltar a importância de manter sempre a ética do pensamento e os direitos humanos intactos como pauta nas discussões de evolução tecnológica.

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