Pesquisadores descobrem ambiente inédito nas profundezas de mar brasileiro
As descobertas estão localizadas na região do Espírito Santo.
A superfície terrestre é amplamente conhecida e explorada pela humanidade. Mas, até o momento, mais de 80% do oceano ainda é desconhecido. E os mistérios das profundezas do mar rondam o nosso imaginário.
Da possibilidade de existir novas espécies e formas de ambiente a civilizações inteiras (será que Atlântida realmente existe ou existiu?), os oceanos fascinam por sua diversidade e mistério. Mas começamos a explorar um pouco mais desse mundo, até agora, desconhecido.
Pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) e da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) descobriram um novo tipo de recife nas águas brasileiras. Os recifes, que receberam o nome de colinas coralinas, constituem-se de montes salpicados de vermelho, laranja e amarelo. Um ambiente também muito rico em diversidade de peixes grandes.
Essa descoberta pode permitir que o Brasil amplie a extensão da sua plataforma continental. Isso é possível porque as regiões que os pesquisadores encontraram são compostas por cadeias de montanhas, que são juridicamente uma brecha para essa demanda, o que garantiria a exclusividade do solo e subsolo marinho para o Brasil.
Mas, para que haja aprovação da solicitação, é necessário que se tenha conhecimento sobre a geologia, biodiversidade e ecologia da região. Tanto a posse quanto o conhecimento dessa região são fundamentais para o desenvolvimento de preservação das colinas coralinas, apontam os pesquisadores.
O que é esse novo ambiente das profundezas do mar?
As colinas coralinas compreendem a cadeia montanhosa Vitória-Trindade, que se estende por mil quilômetros no litoral do Espírito Santo. O topo da montanha que compreende esse ambiente recém-descoberto está a 70 m de profundidade.
A região recebeu esse nome devido ao tipo de algas calcárias que formam esses recifes. As pesquisas apontam que essa área constitui um novo ambiente das profundezas do mar. Ao seu redor, há uma grande diversidade de peixes, com muitos tubarões e outros grandes predadores.
Quando comparada a áreas semelhantes, a região das colinas coralinas apresenta 45% mais quantidade de grandes peixes predadores do que áreas marinhas protegidas, como o Caribe, no México.
Perigos que rondam as colinas coralinas…
No entanto, o biólogo Hudson Tercio Pinheiro, do Centro de Biologia Marinha (CEBIMar) da USP, alerta para as ameaças da mineração e da pesca ilegal. Entre 2009 e 2011, uma empresa de mineração quebrou parte do recife para extração de calcário, que serve como fertilizante.
Além disso, outra ameaça a essa nova região descoberta nas profundezas do mar é a prática da pesca ilegal. O novo ambiente é praticamente inexplorado e deve apresentar novas espécies de organismos marinhos, mas que podem se perder com a pesca predatória.