Refugiados no Brasil: 8 a cada 10 imigrantes dependem do SUS
Pesquisa deve auxiliar no desenvolvimento de políticas públicas para essa população.
As pesquisadoras da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), Sonia Vivian de Jezus e Ethel Leonor Noia Maciel, fizeram um estudo a respeito da saúde de migrantes refugiados no Brasil.
Junto com colaboradores nacionais e internacionais, a pesquisa aponta que 8 entre dez refugiados dependem do Sistema Único de Saúde (SUS) para diagnósticos e tratamentos de saúde. Os dados dessa pesquisa foram publicados na Revista Latino-Americana de Enfermagem no dia 10 de fevereiro, sexta-feira.
Além disso, o estudo também identificou que algumas doenças crônicas e infecciosas ocorrem mais com a população de refugiados que em brasileiros. Algumas dessas doenças são hipertensão e diabetes, covid-19 e tuberculose. O estudo teve o apoio financeiro da Organização Mundial da Saúde (OMS).
A pesquisa
Ao todo, a pesquisa coletou dados de 553 migrantes e refugiados no Brasil, entre as datas de 17 de agosto e 30 de outubro de 2020. Os dados são o resultado de um questionário composto por perguntas em português e espanhol.
Os aspectos analisados pelo questionário foram: dados pessoais, dados sobre migração, populações vulneráveis, dados socioeconômicos, tuberculose, histórico de saúde, covid-19 e seguro e sistema de saúde.
O perfil dos participantes era de estrangeiros, residentes no Brasil e maiores de 18 anos. Os dados sobre a recorrência de doenças registraram a prevalência de 28% de hipertensão, 21% de diabetes, 7% de Covid-19 e 3% de tuberculose.
Esses dados fortalecem a hipótese de que existe uma ocorrência maior destas doenças entre refugiados e migrantes do que na população em geral.
De acordo com as respostas dos participantes, o estudo identificou, entre as vulnerabilidades, que 33,6% dos refugiados no Brasil residem em asilo ou abrigo, 37,6% migraram por causa da situação social de seu país e 32% mencionaram desemprego. Sobre a covid-19, a maior parte dos participantes relataram ter sofrido algum tipo de impacto na renda familiar.
Sobre os refugiados no Brasil
Ainda hoje, não existem políticas específicas para o amparo de migrantes e refugiados no Brasil, apenas iniciativas de direcionamento feitas em parceria com o governo federal. Sonia Vivian destacou a necessidade de as cidades receptoras assegurarem, por meio do SUS, acesso ao serviço de saúde pública.
Apesar da amostragem da pesquisa contar com um número baixo de participantes, comparado ao número real de imigrantes no país, ela ainda pode servir de base para o desenvolvimento de políticas públicas do governo e direcionar ações de profissionais da área da saúde.