54% dos brasileiros se preocupam mais com dinheiro do que com a família, revela pesquisa
Estudo mostra que preocupações financeiras superam saúde, trabalho e família na vida dos brasileiros, causando impactos emocionais e físicos significativos em grande parte da população.
A preocupação com o dinheiro é uma realidade constante para mais da metade dos brasileiros, ultrapassando até mesmo as inquietações com saúde, trabalho e família, conforme revela um estudo realizado pela fintech Onze em parceria com a seguradora Icatu.
Dos 8.573 trabalhadores entrevistados, surpreendentes 54% destacaram que as finanças são sua principal fonte de ansiedade, superando fatores como família (17%), saúde (13%) e trabalho (8%).
As histórias por trás dos números
Para muitos, como Suzilene Tanaka, auxiliar técnica de enfermagem, a ansiedade financeira resulta em jornadas exaustivas, trabalhando em múltiplos empregos para complementar a renda familiar.
Tanaka relata noites mal dormidas, descansando apenas três horas por dia, reflexo direto da pressão financeira constante.
“Se eu não aprender a conviver com as dívidas, eu vou surtar. Não estou conseguindo pagar todas as minhas contas, pago somente o que dá”, desabafa Fabrícia Oliveira, evidenciando os impactos das preocupações financeiras em sua saúde física e mental.
Impacto além da conta bancária
O estudo revela que 55% dos entrevistados se preocupam com a falta de dinheiro para emergências, enquanto 42% estão angustiados com a dificuldade de pagar as contas mensais.
A realidade financeira precária afeta principalmente aqueles com renda mensal igual ou inferior a dois salários mínimos (R$ 2.640), contingente que ultrapassa 70% dos entrevistados.
A maior parte dos brasileiros prioriza as contas em detrimento da própria saúde. – Imagem: Getty Images/Reprodução
A falta de estabilidade financeira afeta não apenas as carteiras, mas também tem impacto sobre a saúde emocional e física dos brasileiros.
Cerca de 71% dos entrevistados sofrem impactos emocionais devido a problemas financeiros, enquanto 20% enfrentam problemas físicos.
Ansiedade (53%), insônia (41%) e dificuldades nos relacionamentos interpessoais (15%) são os principais desdobramentos relatados.
“Há um desânimo generalizado. Trabalho na área da saúde e deveria haver mais valorização. O salário é baixo, mesmo com o risco que enfrentamos”, acrescenta Suzilene, evidenciando não apenas a pressão financeira, mas também a desvalorização de setores essenciais.
A pesquisa aponta para um cenário alarmante no qual a instabilidade financeira transcende a questão econômica, afetando profundamente a saúde física e mental dos brasileiros.