Stan Lee: vida do mestre dos super-heróis vira biografia em quadrinhos

Fatos interessantes, ideias e até mesmo polêmicas são abordadas na obra que conta a vida desse grande autor.

O quadrinista norte-americano Stan Lee é um dos maiores nomes da indústria e conhecido por ter dado a vida a diversos super-heróis de sucesso.

Agora, os fãs desse profissional gabaritado podem comemorar, pois foi lançada uma biografia em quadrinhos sobre o autor.

O livro é de autoria do famoso ilustrador Tom Scioli, que abre a narrativa mostrando Lee já em idade avançada em uma convenção de HQs, pouco antes da sua morte, ocorrida no ano de 2018.

O homem autografa diversas fotos dele mesmo para os fãs que pagaram muito para poder chegar perto do famoso artista.

Ao lado do quadrinista, um indivíduo musculoso atua como segurança e do outro um homem trajando um paletó preto o relembra do próprio nome e depois o soletra para que o desenhista possa completar mais um autógrafo com sucesso.

Aos 95 anos, pouco antes de sua morte, Stan era uma figura idolatrada pelo público nerd em geral, celebrado como a mente por trás da criação do universo amado que recebia diversas adaptações para o cinema. Mas, infelizmente, ele mesmo parecia já não saber mais quem era.

“A comunidade de quadrinhos só falava sobre isso. Era devastador”, diz Scioli, autor de ‘Prazer, Stan – A biografia em quadrinhos do lendário Stan Lee’.”Era algo muito soturno e triste. Stan era visto na área dos quadrinhos como o topo da montanha, aquele que chegou o mais longe possível, e era assim que ele passava seus últimos dias”, lamenta Scioli.

Vida do criador da Marvel foi cheia de polêmicas

Stan Lee com seus tradicionais óculos escuros, uma de suas marcas registradas – Imagem: Reprodução

A obra formulada por Scioli possui 208 páginas e traz todos os feitos de Stan Lee em um formato semelhante ao das aventuras dos heróis que ele criou.

Trata-se de uma arte documental embasada que possui sete páginas contendo diversas referências bibliográficas e notas.

Entretanto, as informações são inconclusivas no quesito das contribuições do quadrinista quanto à criação de ‘Homem-Aranha’, ‘X-Men’, ‘Quarteto Fantástico’ e ‘Vingadores’, questões que são até hoje motivo para polêmicas entre o público.

O enredo volta até a infância do autor e a sua juventude nos é mostrada em um cenário perturbador da Nova York pós-crise de 1929.

Segundo o próprio Lee, ele teve de fazer muitos bicos antes de entrar definitivamente na área dos quadrinhos através de Martin Goodman, marido de uma prima e fundador da Timely Comics (atual Marvel).

Assim, a maioria da publicação foca no processo que o transformou de um simples office boy para um dos rostos mais famosos no mundo todo.

‘Prazer, Stan’ conta ainda alguns méritos editoriais de Lee, como a criação do ‘método Marvel’, que estipula a criação de diálogos somente após os cartunistas finalizarem as páginas.

Também são revelados alguns excessos que ele cometia, como a controversa prática de dar chicotadas nos ilustradores para que eles não perdessem o ritmo.

Registros de sua relação com Hollywood e as diversas aparições que fez nas adaptações cinematográficas das suas criações também são comentados.

“Ele era a memória institucional da Marvel, o tecido conjuntivo”, afirma Scioli sobre as conquistas de Lee.”Ele criou um estilo de diálogo e uma caracterização verbal cuja influência se faz sentir até hoje, em múltiplos gêneros”, diz ele. “Seu pior legado? Levar crédito pelo trabalho alheio”, esclarece o artista.

Para a surpresa de muitos, uma personalidade que supostamente foi vítima de Lee é um dos coadjuvantes deste lançamento.

Estamos falando do também mundialmente conhecido Jack Kirby, que trabalhou com Lee durante muito tempo, sendo reconhecido como o cocriador de muitos personagens importantes.

“Havia muita coisa a ser retratada”, diz Scioli. “Stan viveu muito tempo e acumulou vários feitos durante todos esses anos. Na meia-idade, ele estava apenas começando. Ele se movimentava com velocidade, então fiz o livro dessa forma, com tudo construído para parecer um fluxo ininterrupto”, revela Scioli.

Para Scioli, toda a vida de Lee é uma parábola sobre como uma personalidade tão celebrada no mercado do entretenimento também pode se tornar uma vítima dele.

Inclusive, o escritor não se exime de afirmar que muitas atitudes tomadas por Lee ao longo da vida o decepcionaram.

“Ele fez parte de quase toda a história dos quadrinhos, mas quando falava ou escrevia sobre o meio e a indústria, usava principalmente frases de efeito simplistas, brincadeiras. Houve pouca comunicação sólida, apesar de tudo o que ele poderia ter compartilhado”, conclui Scioli.

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