Roteiristas de 'Os Simpsons' falam sobre as previsões da animação

Desde sua estreia em 1989, ‘Os Simpsons’ conquistou o coração do público ao retratar, de maneira satírica, o cotidiano de uma típica família norte-americana de classe média.

A série transcendeu o status de simples animação para se tornar um verdadeiro fenômeno cultural, cativando gerações com seu humor satírico e, ocasionalmente, suas previsões surpreendentes.

Com mais de 760 episódios e contando, a série acompanha a vida da família amarelada mais famosa da televisão, oferecendo uma sátira inteligente da vida estadunidense.

Mas como uma série de animação consegue ‘prever’ eventos, desde a eleição de Donald Trump até o trágico 11 de setembro?

Os próprios roteiristas do programa, Al Jean e Stephanie Gillis, oferecem insights fascinantes sobre o processo criativo por trás dessas supostas premonições.

Fruto da imaginação de pessoas engraçadas

Em uma entrevista à Rádio 1 Newsbeat da BBC, os roteiristas Al Jean e Stephanie Gillis compartilharam a rotina de seu processo criativo e como os eventos do mundo real influenciam as tramas da série.

Jean, que acompanha a jornada de Bart Simpson desde o início, descreve o ambiente de trabalho como uma sala cheia de pessoas engraçadas, onde até as situações mais inusitadas se tornam material para piadas.

“Você fica em uma sala com 10 a 20 pessoas realmente engraçadas”, disse ele. “Então, talvez a melhor coisa que possa acontecer seja Trump fazer algo idiota, aí você tem muitas pessoas que podem fazer piadas sobre aquilo na hora”.

Gillis destaca a importância das discussões sobre os acontecimentos do mundo no processo criativo, afirmando que muitas das conversas fora do trabalho acabam influenciando os episódios. Isso, por sua vez, explica por que os ‘Simpsons’ parecem ‘prever’ eventos importantes.

Episódio no qual Trump vira presidente – Imagem: Fox Pictures/Reprodução

Um exemplo notório é a previsão de que Donald Trump se tornaria presidente dos Estados Unidos, feita em 2000.

Segundo Al Jean, a ideia surgiu enquanto procuravam uma celebridade engraçada que pudesse se tornar presidente na história.

A perspectiva não era tão improvável, já que, na época, Trump já havia expressado seu interesse em concorrer ao cargo.

Entretanto, nem todas as previsões são facilmente explicáveis. O episódio relacionado ao trágico 11 de setembro de 2001, por exemplo, gerou teorias conspiratórias.

Al Jean esclarece que a imagem das Torres Gêmeas em um guia de Nova York com o número ‘9’ ao lado, representando o preço do produto, foi pura coincidência.

A junção do número 9 e a imagem das Torres Gêmeas no formato americano (9/11) foi apenas uma casualidade, não algo decidido com tanta seriedade.

Assim, enquanto a série continua a surpreender os fãs com momentos que parecem antecipar o futuro, os roteiristas afirmam que muitas dessas situações são resultado de uma combinação única de criatividade, observação do mundo e, claro, uma pitada de coincidência.