Ranço! Por que os autores de 'Nárnia' e 'Senhor dos Anéis' não suportavam filmes da Disney?

Dois grandes nomes da literatura mundial tinham várias críticas à empresa.

J.R.R. Tolkien e C.S. Lewis, dois grandes nomes da literatura mundial, eram amigos próximos e compartilhavam um profundo interesse por contos de fadas. No entanto, ambos se mostraram insatisfeitos com as adaptações dessas histórias feitas por Walt Disney.

A animação “Branca de Neve e os Sete Anões”, lançada em 1938, foi pioneira e um sucesso de bilheteria. Ainda assim, a obra não impressionou os escritores, que criticaram pontos importantes da produção.

C.S. Lewis, detentor da obra de sucesso “As Crônicas de Nárnia”, em uma carta a um amigo, expressou descontentamento com a maneira como a Disney retratou os anões e certas cenas, como a sequência musical com os personagens. Embora tenha elogiado alguns elementos mais sombrios e o uso de sombras no filme, concluiu que a falta de sofisticação da Disney impediu o cineasta de alcançar um nível mais elevado em suas adaptações.

Já Tolkien, apesar de elogiar a caracterização da Branca de Neve, não gostou da representação dos anões. Para ele, o tratamento dado aos personagens estava distante da idealização que tinha em sua própria obra, como pode ser observado nos anões de “O Hobbit.

J.R.R. Tolkien e C.S. Lewis, dois grandes nomes da literatura mundial, eram amigos próximos – Foto: Reprodução

A relação de Tolkien com Disney

A insatisfação de Tolkien com a Disney ia além da adaptação de contos de fadas. Segundo estudos, o escritor de “O Senhor dos Anéis via a comercialização dessas histórias como uma forma de desrespeito.

Especialistas sugerem que Tolkien se incomodava com a maneira como Disney transformava contos populares em produtos de massa, algo que ele considerava um sacrilégio.

Além disso, especula-se que Tolkien, ao escrever “O Hobbit, possa ter percebido semelhanças entre sua história e Branca de Neve, o que pode ter aumentado seu descontentamento, embora isso nunca tenha sido confirmado.

A relação conturbada entre Tolkien e Disney se intensificou nos anos seguintes. Em 1964, Tolkien criticou ainda mais o trabalho do cineasta, após descobrir o tratamento dado a P.L. Travers, autora de Mary Poppins, durante a adaptação de seu livro.

Em uma carta, Tolkien reconheceu o talento de Disney, mas afirmou que suas obras eram “corrompidas”, causando-lhe um desconforto generalizado. Ele chegou a afirmar que algumas cenas de filmes do estúdio o deixavam profundamente incomodado.

Adaptações rejeitadas

Tolkien era tão contrário à ideia de colaboração com a Disney que, quando a editora Allen & Unwin sugeriu uma animação de “O Senhor dos Anéis pelos estúdios Disney, o próprio estúdio recusou o projeto, citando o alto custo da produção.

Acredita-se que essa proposta tenha sido feita sem o consentimento de Tolkien, o que apenas reforçou sua aversão a ver suas histórias associadas ao nome de Disney.

Com o passar do tempo, as obras de Tolkien foram adaptadas por outros estúdios, como a United Artists em 1978 e a Warner Brothers nas trilogias de sucesso lançadas entre as décadas de 2000 e 2010. Já no caso de C.S. Lewis, o destino foi mais irônico.

As Crônicas de Nárnia, sua principal obra literária, foi adaptada para o cinema a partir de 2005, justamente pelo estúdio Disney, algo que seu amigo Tolkien teria provavelmente desaprovado.

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