Precisamos dar mais uma chance a Batman & Robin
Querendo ou não, os filmes atuais do Batman não possuem a mesma pegada que os filmes mais antigos
No filme Batman & Robin, que foi lançado 25 anos atrás, podemos ver um Batman diferente do que costumamos ver agora – um ser noturno, movido por seu trauma.
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No personagem de George Clooney, temos um Batman que, de alguma forma, conseguiu conviver com eles, junto à nova família que construiu ao longo do caminho.
O filme é feito em torno dessa formação familiar, além dos laços e intimidades que se criaram entre os personagens. Tudo isso, é claro, junto aos trocadinhos bobos e uma trama bem cafona. Além disso, este novo estilo do Batman, que é diferente das inúmeras versões contadas no cinema, é um ótimo suspiro em meio de tanta escuridão.
E isso se deve também ao fato de que, no filme, o personagem já está com quase 40 anos, diferente do último longa, de Matt Reeves, que apresenta um Bruce mais jovem, ainda tomado pelo luto e distanciamento emocional. Nesta trama, Batman está começando a tornar-se um símbolo para Gotham City, que precisa de um pouco de esperança em meio ao caos em que vive.
No clássico Batman & Robin, o personagem já passou por isso, já se tornou este símbolo. Aliás, Gotham parece prosperar bem, quando apresentada pela trama, inclusive, reconhece os vilões como uma anomalia da natureza, e não da sociedade disfuncional que a cidade poderia criar.
O trauma neste filme se mostra por detalhes, quando ele percebe que ainda não consegue fazer parte de um time, nem confiar muito naqueles que estão a sua volta. Muitas vezes, vemos o personagem tentando resolver tudo sozinho, mas que está disposto a aceitar a ajuda de seu time.
Para além do personagem principal, temos uma ótima direção, que ficou nas mãos de Joel Schumacher. O jeito que ele comanda as cenas, o enquadramento perfeito dos personagens e o exagero de luzes, faz com que possamos presenciar um verdadeiro espetáculo.
As cores nos remetem aos quadrinhos e seus discursos são claramente baseados na cultura pop, aproximando seu público sem comprometer o legado do herói.
Joel também utiliza da especulação de que os dois heróis têm uma relação homoafetiv e os coloca em uma rivalidade masculina, diante da sedução de uma mulher. Ele constrói personagens claramente héteros, com interesses românticos héteros, porém, também os coloca em situações bem homoeróticas. A começar por suas roupas, as esculturas de homens musculosos da cidade e muitas outras cenas que sugeriram algo.
Deixar em aberto este detalhe, mostra que a sexualidade dos heróis não influencia em nada na narrativa. Mas a homofobia em cima desta caracterização e das escolhas de filmagens interferiram e muito na crítica do filme. Tanto que, até hoje, o filme é desdenhado.
Por fim, a obra tem um estilo próprio de seu diretor, por apresentar personagens diferentes do que costumamos. O filme é cafona? Talvez sim, para a nossa época. Mas, com certeza, ele não é ruim, como todos insistem em julgá-lo.