Por que os filmes de terror são tão fascinantes? Psicologia tem a resposta
Desvende os segredos da atração humana pelos horrores do cinema.
O universo do cinema é um vasto território, repleto de gêneros que conseguem encantar as audiências com suas narrativas emocionantes e visuais deslumbrantes.
Entre todos esses gêneros, poucos conseguem exercer um fascínio tão profundo e peculiar quanto os filmes de terror.
A questão intrigante que surge é: por que escolhemos voluntariamente nos submeter a experiências projetadas para provocar medo e ansiedade?
A seguir, adentraremos no mundo do terror cinematográfico para compreender a psicologia por trás desse misterioso magnetismo.
O fascínio pelo medo: origens e razões
Embora possa parecer estranho, o amor pelo terror é, na verdade, uma tradição ancestral.
Narrativas sombrias e histórias de horror têm sido transmitidas ao longo da história, evoluindo para os filmes de terror modernos que tanto conhecemos.
A resposta para o porquê desse apego a narrativas de medo pode residir nas profundezas do nosso cérebro.
Quando assistimos a um filme de terror, nosso cérebro reage de maneira notável, liberando hormônios como a adrenalina e o cortisol, acelerando nossa frequência cardíaca e aumentando a pressão sanguínea.
Imagem: Dreamworks/reprodução
É a reação de “luta ou fuga” em ação. No entanto, em um nível consciente, sabemos que estamos seguros, o que nos permite desfrutar da experiência sem enfrentar perigos reais.
Essa combinação de perigo percebido e segurança real cria uma montanha-russa emocional que muitos de nós consideramos irresistível, ecoando a famosa observação de Alfred Hitchcock de que:
“Todos amam um bom crime, contanto que não sejam vítimas dele.”
Também existe o conceito de catarse, anunciado por Aristóteles, que é uma forma de limpeza emocional que ocorre por meio da arte.
Em um filme de terror, essa purgação emocional é frequentemente alcançada quando as tensões acumuladas são liberadas por meio do medo e do subsequente alívio.
Ao experimentar o medo em um ambiente controlado, podemos exorcizar nossas próprias ansiedades e estresses diários.
A catarse, então, permite que as pessoas confrontem seus próprios medos em um espaço seguro, proporcionando uma válvula de escape emocional.
O renomado psicólogo Carl Jung introduziu o conceito da “sombra”, representando as partes reprimidas e negadas do nosso inconsciente.
Filmes de terror frequentemente personificam essas sombras internas, apresentando monstros e vilões que personificam medos universais, como o desconhecido, a morte, o abandono e a perda de controle.
Assistir a filmes de terror nos dá a oportunidade de confrontar esses medos simbolicamente e integrar aspectos reprimidos da nossa psique em nossa compreensão consciente.
Alfred Hitchcock destacou que o medo que sentimos quando adultos é, essencialmente, o mesmo que experimentávamos quando éramos crianças.
Os filmes de terror exploram medos primitivos que foram incutidos em nós desde tenra idade. Logo, revisitar esses medos em um ambiente controlado nos permite confrontar nossas inquietações passadas com segurança.
Quando a última cena de um filme de terror se desvanece na tela escura, emergimos da experiência com uma mistura de alívio e euforia, após termos enfrentado nossos medos mais profundos.
Os filmes de terror não são apenas entretenimento; eles representam uma jornada de autoconhecimento e superação.
Em um ciclo eterno de medo e fascínio, continuamos a ser atraídos por experiências que nos agitam, nos moldam e nos revelam, filme após filme.
O amor pelo medo e pelo macabro nos recorda que, na escuridão do cinema, encontramos uma luz que ilumina nossas próprias sombras interiores.