Por que carros elétricos seminovos estão encalhando na revenda?

Indústria de EVs enfrenta problema inédito, até então, ligado à dificuldade de venda de carros usados. Como ela vai reagir a isso?

A indústria de carros elétricos avança a todo vapor, com aumento da produção de veículos novos e ampliação da presença no mercado. Por outro lado, um problema no segmento já começa a dar as caras. Falamos do descarte de carros elétricos usados ou da tentativa de revenda.

Nos Estados Unidos, está cada vez mais evidente que os compradores não pretendem investir em veículos elétricos usados, e isso tem gerado verdadeiros “cemitérios” de veículos.

O mercado de automóveis usados gera em torno de US$ 1,2 bilhão por ano, mas as opções do segmento elétrico estão longe de ser as mais atrativas, aos olhos dos compradores.

A razão do desinteresse

Carros elétricos têm ficado de lado – Foto: Internet/Reprodução

O motivo disso está associado a um combo de fatores: falta de subsídios, desejo de aguardar por uma tecnologia mais avançada e falhas sucessivas nas infraestruturas de carregamento.

Na China, por exemplo, mercado que se tornou referência na área de veículos elétricos, em razão dos subsídios e das grandes empresas locais, os modelos usados também enfrentam o mesmo problema.

Em entrevista ao portal Fortune, o diretor de operações da Toyota, Matt Harrison, descreveu o cenário chinês como “cemitérios infestados de ervas daninhas e de veículos abandonados”.

Perspectiva de piora

A tendência futura não é nada boa. As perspectivas indicam que, em 2024, a situação deve piorar, pois muitos dos cerca de 1,2 milhão de carros elétricos vendidos na Europa em 2021 entrarão no mercado de seminovos.

O fator decisivo, segundo especialistas, será como as montadoras vão abordar tal questão. Elas precisam trabalhar a confiança dos consumidores, e isso passa pelas garantias de revenda.

Uma saída possível é criar programas de ofertas de mobilidade, inclusive em parceria com startups de transporte de passageiros ou compartilhamento de viagens.

E o preço?

Outra questão é o valor, ainda considerado alto quando comparado com veículos a combustão. Na visão do líder das concessionárias VW e Audi, Dirk Weddigen von Knapp, é importante que os EVs tenham preços mais acessíveis para atiçar o desejo dos clientes.

Fato é que, por se tratar de algo novo, a indústria está lidando com essa questão dos seminovos pela primeira vez. Vale a pena acompanhar para ver como ela vai reagir a isso.

Ao contrário dos automóveis a combustão que podem ser avaliados pela idade e quilometragem, ainda não existe um teste de uso generalizado para avaliar a qualidade da bateria de um carro elétrico — e a bateria equivale a 30% do valor de um EV.

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