Planta que 'nunca' morre usa suas folhas mortas para sobreviver
Ecologistas se surpreendem com descoberta durante expedição em floresta do Panamá. Agora pretendem avançar na pesquisa da espécie.
As características de uma planta encontrada na floresta do Panamá tem chamado a atenção de cientistas. Estamos falando de uma espécie de samambaia que “nunca morre”.
Apesar do solo alagado e com poucos nutrientes da floresta Quebrada Chorro, que fica no oeste do país, a planta consegue se autorregenerar da forma mais curiosa possível: ela transforma folhas mortas em novas raízes.
A descoberta dessa habilidade ocorreu de forma acidental, durante uma expedição de ecologistas, que pretendiam estudar como as raízes da conífera tropical Podocarpus adquirem nutrientes.
No decorrer do trabalho, os pesquisadores se depararam com o denso matagal de samambaias arbóreas da espécie Cyathea rojasiana.
Ao tentarem retirar as folhas mortas, eles perceberam que elas estavam enraizadas no solo, e assim deu-se a descoberta.
Samambaia Cyathea rojasiana é encontrada em florestas do Panamá – Foto: Reprodução
Habilidade
As folhas teimosas rebrotaram na terra, de forma que as pontas das veias deram origem a novas radículas e, com isso, contribuíram para a sobrevivência das plantas.
Até então, sabia-se, somente, que tais samambaias mantinham folhas mortas ao redor para afastar trepadeiras e fazer uma rede de proteção contra temperaturas mais amenas.
A equipe descobriu agora que a espécie usa as folhas murchas também para procurar bolsões de nutrientes no solo e se regenerar.
A equipe de ecologistas recolheu raízes folhosas e levou para um laboratório para fazer o experimento.
Elas foram colocadas em vasos com nitrogênio, onde ficou perceptível a habilidade que elas têm de puxar nutrientes para o interior das plantas.
Única no mundo
Outras espécies também fazem coisas estranhas com as folhas e raízes, mas a samambaia Cyathea rojasiana é a única conhecida, até então, por trazer de volta à vida as folhas mortas em formato de raízes.
“Nunca ouvi falar de nenhuma outra samambaia que fizesse isso, ou de qualquer outra planta terrestre”, diz a botânica Erin Sigel, vinculada à Universidade de New Hampshire, em Durham.
A descoberta surpreendeu a comunidades de cientistas. A ideia agora é avançar nas pesquisas e entender melhor como funciona a estrutura das radículas.