Planilha do Excel ajuda banco a descobrir fraude em compra de empresa

Um ano pós adquirir Frank por US$ 175 milhões, o JP Morgan teria descoberto informações falsas em base de dados, motivo de processo judicial no momento. Confira.

Fachada JP Morgan
Imagem: Reprodução/JP Morgan

Já imaginou descobrir que foi enganado observando o número de linhas de uma planilha do Excel? Foi o que aconteceu com a empresa de serviços financeiros JP Morgan. Durante o processo de compra da start-up Frank, foi negociado o número de 4,2 milhões de clientes, que passariam a ser da companhia. Porém, após analises da planilha, foi descoberto que a base era muito menor.

A descoberta gerou um processo judicial aberto pela JP contra a fundadora da Frank, Charlie Javice, por ter criado uma planilha falsa com milhões de clientes apenas para conseguir fechar o negócio.

O que é a Frank?

Biblioteca
Imagem: Reprodução

Nos Estados Unidos, não há um sistema de ensino superior gratuito, como ocorre no Brasil. Por isso, são muito comuns as empresas que ofertam crédito estudantil para que as pessoas tenham a possibilidade de ingressar na faculdade. A Frank é uma dessas empresas.

A fintech, fundada em 2016 por Charlie Javice, possuiu o apoio de empresas de capital de risco e grandes investidores, o que fez com que ela ganhasse ainda mais atenção. A startup foi comprada pelo JP Morgan em 2021, pelo valor de US$ 175 milhões.

Como aconteceu a descoberta?

Planilha do excel
Imagem: Shutterstock

Durante o processo de compra, o JP Morgan solicitou provas em relação à base de clientes, que teriam sido recusadas inicialmente, com a alegação, por parte da administração da Frank, de que isso seria contra a privacidade de dados. Após muita insistência, a compradora recebeu uma planilha com cerca de 4 milhões de consumidores.

O recebimento desta lista aconteceu apenas no início de 2022, para testes de e-mail marketing, conforme solicitado pelo JP Morgan. Os nomes chegaram apenas um ano depois da aquisição por conta de um acordo feito entra as partes, para que o tratamento de dados fosse feito por meio de uma empresa terceirizada, pensando na privacidade dos clientes.

O sinal em relação aos nomes apareceu após o envio desta campanha. O resultado da entrega dos e-mails chamou atenção: apenas 28% deles chegaram aos destinatários. Ao analisar os dados, um colaborador da financeira percebeu que a planilha possuía exatamente 1.048.576 linhas, número que corresponde ao limite permitido pelo Excel.

Esse detalhe pareceu ir além da coincidência, o que resultou numa investigação interna. Após essa busca, o JP Morgan disse que a fundadora da Frank contratou um cientista de dados para elaborar a planilha falsa, além de terem gerado a lista a partir de outra base adquirida por Olivier Amar, que era diretor da fintech.

A continuação desta história será vista nos tribunais, com o desfecho determinado pela justiça. Neste processo, a fundadora da Franknega todas as acusações, e também abriu uma outra ação contra o JP Morgan, acusando o banco de ter tirado Javice da empresa sem realizar o pagamento de uma compensação.

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