Olhos azuis são resultado de curiosa mutação que você talvez não conheça

A ausência de pigmentação e um intrigante fenômeno físico explicam a cor dos olhos mais raros que existem e sua relação com a luz.

Os olhos azuis, conhecidos por sua raridade e beleza, são mais do que um traço marcante: carregam consigo uma história genética única.

Hans Eiberg, da Universidade de Copenhagen, conduziu um estudo em 2008 que propôs uma origem singular para essa tonalidade ocular, conectando todos os olhos azuis a um ancestral comum que viveu entre 6 e 10 mil anos atrás.

Uma mutação singular

A pesquisa concentrou-se no gene OCA2, vital na produção de melanina, o pigmento responsável pela coloração de cabelos, pele e olhos.

Eiberg sugeriu que uma mutação genética específica, ocorrida nesse período, desencadeou uma mudança no gene, reduzindo a produção de melanina e transformando olhos castanhos em azuis.

Essa transformação está intrinsecamente ligada à ausência de pigmentação na íris. Embora o pigmento melânico seja escasso nos olhos verdes, é praticamente ausente nos azuis.

O estroma, a camada subjacente à íris, composta por fibras de colágeno, normalmente contém melanina.

Porém, nos olhos azuis, essa falta de pigmento permite a dispersão da luz, criando a ilusão de azul através do chamado “efeito Tyndall”.

O olho azul é um fenômeno de pigmentação estrutural – Imagem: Freepik/Reprodução

Esse fenômeno físico, responsável pela aparência azul, é semelhante ao que ocorre no céu. A luz branca visível incide sobre o estroma, e o azul é mais difundido devido ao tamanho de sua onda.

Assim, a transparência da camada superior da íris, combinada com esse efeito de dispersão, dá origem ao tom azul.

Os olhos azuis são um exemplo de coloração estrutural, em contraste com a coloração pigmentar. Esse fenômeno também explica a raridade dos olhos verdes e cinzentos.

Os olhos verdes possuem uma pequena quantidade de melanina no estroma, enquanto os cinzentos têm depósitos excessivos de colágeno que bloqueiam o efeito Tyndall, resultando na cor cinza uniforme.

A mutação que desencadeou a ausência de melanina nos olhos azuis remonta a um ancestral comum e representa um fascinante exemplo da experimentação genética da natureza.

Embora seja um traço marcante, a beleza dos olhos azuis é, na verdade, uma ausência de cor combinada com a fascinante física da luz, uma ilusão tão notável quanto o próprio céu azul.

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