O que são os assustadores 'dedos da morte' se formam sob o gelo da Antártida?

Fenômeno raro e impressionante nas regiões polares, onde as brinículas congelam instantaneamente tudo o que tocam no fundo do mar.

O inverno no Hemisfério Sul revela um fenômeno raro e impressionante nas regiões polares: as brinículas, também conhecidas como “dedos da morte”. Esses tubos de gelo formam-se no fundo do oceano, quando a água salgada extremamente fria desce para as profundezas, congelando tudo ao seu redor.

O processo é semelhante ao das estalactites em cavernas, mas o impacto é muito mais dramático, pois essas estruturas congelam instantaneamente qualquer organismo que toquem, como foi registrado pela primeira vez em vídeo pela BBC em 2017.

As brinículas, conhecidas como ‘”edos da morte'” se formam no fundo do mar polar, congelando tudo ao seu redor instantaneamente – Foto: Mozgova/Shutterstock

Como se formam as brinículas?

As brinículas se formam em regiões polares durante o inverno, quando a temperatura do ar cai para cerca de -40ºC, enquanto a água do oceano permanece em torno de -2ºC. Esse ambiente extremo leva à criação de uma camada de gelo poroso na superfície do mar.

A água salgada mais fria, chamada de salmoura, desce através dos poros do gelo, sendo mais densa do que a água ao redor. À medida que desce, a salmoura congela a água ao seu redor, formando a estrutura tubular conhecida como brinícula.

O crescimento da brinícula é contínuo enquanto o mar está calmo. Conforme ela se alonga em direção ao fundo do mar, o gelo continua a se expandir, criando um “rio de gelo” que congela tudo o que toca, como estrelas do mar, por exemplo.

É essa ação congelante que deu origem ao nome popular de “dedos da morte”, pois qualquer organismo que entra em contato com essa estrutura é rapidamente envolvido e congelado.

“Dedos da morte” em ação (Foto: Reprodução/YouTube)

A descoberta e a documentação do fenômeno

As brinículas foram documentadas pela primeira vez em 1974, mas o fenômeno intrigava cientistas há muito mais tempo. No entanto, as primeiras imagens só foram capturadas em 2017, quando a BBC apresentou o espetáculo no documentário “Earth’s Great Seasons“.

As imagens mostraram claramente o processo de formação das brinículas, revelando suas ramificações semelhantes a dedos e o efeito mortal que elas têm sobre os organismos marinhos.

O vídeo fez sucesso por sua beleza e por ilustrar um dos fenômenos mais raros e ocultos da natureza, ocorrendo em locais inacessíveis para a maioria das pessoas. A forma como as brinículas crescem e se movem sob o gelo mostra a complexidade e a força das interações entre o gelo, a água e o sal nas regiões polares.

O impacto das brinículas no ecossistema

Embora visualmente impressionantes, as brinículas também têm um impacto ecológico significativo. O fenômeno pode ser letal para animais marinhos que vivem nas profundezas polares, como as estrelas do mar mostradas no documentário da BBC. Quando essas criaturas são tocadas pelos ‘dedos da morte’, elas congelam instantaneamente, o que pode perturbar o equilíbrio natural do ecossistema polar.

No entanto, como esse fenômeno é raro e ocorre em áreas isoladas e de difícil acesso, seu impacto global nos oceanos e na vida marinha ainda é pouco compreendido. Mais estudos e documentações como a da BBC podem ajudar a revelar mais sobre esse processo fascinante e suas implicações.

As brinículas são mais um exemplo da extraordinária complexidade e beleza da natureza, escondidas nos lugares mais remotos da Terra. Para os cientistas e para o público em geral, essas estruturas lembram o quanto ainda há para descobrir sobre os ambientes extremos do nosso planeta.

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