‘Nosso Sonho’: entenda por que o filme simplesmente ‘sumiu’ dos cinemas
Filme que conta a história de Claudinho e Buchecha enfrenta redução de 150 salas de cinema em sua 2ª semana de exibição, fato que levanta questões sobre a distribuição de filmes nacionais.
O filme “Nosso Sonho”, que conta a história de Claudinho e Buchecha, foi cortado de 150 salas em sua segunda semana de exibição, causando preocupação na equipe envolvida em seu desenvolvimento.
O filme estava em cartaz em cerca de 500 salas em todo o Brasil e já havia conquistado cerca de 150 mil espectadores em suas primeiras semanas.
Em comunicado enviado à imprensa, a equipe de produção do longa destacou que, apesar de manter a quarta posição em sua semana de estreia, “Nosso Sonho” sofreu uma redução de 150 salas em sua semana seguinte.
Curiosamente, muitos cinemas que continuaram a exibir o filme tinham apenas uma sessão disponível, geralmente no horário da tarde, ou deixaram de exibi-lo nos fins de semana.
Apesar dessa redução no número de salas, o filme estava recebendo um retorno positivo do público, com relatos de salas esgotadas e reclamações sobre a falta de sessões em horários mais acessíveis.
Produtores reclamam espaço para ‘Nosso Sonho’ nos cinemas
O produtor Leonardo Edde, da Urca Filmes, expressou tristeza pela falta de espaço na tela, apesar do apoio do público. Junto com Felipe Lopes, da distribuidora Manequim Filmes, ele publicou uma carta aberta questionando a redução no circuito de exibição de “Nosso Sonho”.
Eles destacam que alguns filmes estrangeiros, como “Megatubarão 2”, os quais já estavam disponíveis em vídeo sob demanda (VOD), acabaram tirando espaço do filme nacional. Além disso, enfatizaram que outros filmes tiveram uma programação de horários mais favorável.
Marcos Barros, por sua vez, presidente da Abraplex (Associação Brasileira das Empresas Exibidoras Cinematográficas Operadoras de Multiplex), defendeu a decisão técnica de reduzir o número de salas para o filme.
Ele explicou que a decisão está fundamentada no desempenho individual de cada filme, seguindo padrões globais que projetam a demanda para cada produção.
Imagem: Yandex/Reprodução
A cota de tela
O debate sobre a cota de tela, que obriga a exibição de filmes nacionais em cinemas brasileiros, continua em destaque. Em últimas votações, a Câmara dos Deputados aprovou a prorrogação dessa cota até 2031. No entanto, a decisão foi suspensa em 2021 e agora aguarda votação no Senado.
O presidente da Abraplex também argumenta que os exibidores não conseguem obrigar o público a assistir determinado filme e que a decisão sobre quais longas serão exibidos é feita em conjunto com os distribuidores.
Nesse cenário, ele também enfatizou a necessidade de equilíbrio e razoabilidade para os filmes nacionais terem a oportunidade de encontrar seu público.
Atualmente, a distribuição de filmes e a programação das sessões são baseadas em dados, como os disponibilizados pelo Google Trends ou Gower Street Analytics. O objetivo dos programadores de cinema é atender à demanda do público, oferecendo sessões suficientes para acomodar os espectadores interessados.
Por outro lado, os exibidores dependem das vendas de ingressos nas primeiras semanas de exibição para se remunerarem, pois essa é a única oportunidade de geração de receita enquanto o filme está em cartaz.
Diante desse impasse, então, quem seria o “culpado” pelo apagamento dos filmes nacionais nos cinemas?