INÉDITO: fuga do presídio de Mossoró ocasiona busca intensa

Dois detentos conseguiram burlar a segurança da unidade federal. Trabalho de buscas mobiliza centenas de agentes de segurança.

A procura por dois presos que fugiram da Penitenciária Federal de Mossoró (RN), no dia 14 de fevereiro, seguem em andamento, mas sem novidades até então.

Conhecida por ser uma das unidades de segurança máxima no Brasil, a penitenciária foi palco de uma fuga inédita no país.

Os responsáveis pela direção do local foram afastados pelo ministro da Justiça e Segurança, Ricardo Lewandowski.

Desde o evento, já há quase uma semana de trabalho e mobilização de centenas de homens das forças de segurança, que atuam para recapturar os detentos. Até a Polícia Federal foi acionada para auxiliar no caso.

Além dela, a Polícia Rodoviária Federal (PRF) também participa dos trabalhos e colocou um helicóptero para atuar no monitoramento aéreo da região. A Interpol (polícia internacional) já foi avisada da identidade dos foragidos.

Fuga no presídio de Mossoró

Registros dos detentos que conseguiram fugir da unidade de segurança máxima de Mossoró – Foto: Divulgação

Para entender melhor o caso, vamos relatar abaixo tudo que se sabe, até então, sobre a fuga dos presos. O caso virou pauta nacional nos últimos dias. Acompanhe!

Os presos

O Ministério da Justiça e Segurança Pública divulgou a identidade dos fugitivos. Eles são Rogério da Silva Mendonça, vulgo Querubim, Chapa, Martelo ou Cabeça de Martelo, e Deibson Cabral Nascimento, conhecido como Tatu, Deisinho ou Deicinho.

Rogério tem 35 anos, é natural de Rio Branco (AC) e estava preso no presídio de Mossoró desde setembro do ano passado.

Deibson também é do Acre, tem 33 anos e deu entrada na unidade de segurança máxima em 2023.

Facção

Eles têm ligação com a facção criminosa Comando Vermelho, uma das maiores do Brasil. Deibson e Rogério foram transferidos para Mossoró depois de participarem de uma rebelião no Acre, que terminou com a morte de cinco pessoas. As vítimas eram integrantes de facções rivais.

Pena

Os dois detentos são considerados de alta periculosidade. Eles acumulam penas de 155 anos, conforme dados do Instituto de Administração Penitenciária (Iapen) e da Polícia Penal do Acre.

A fuga

Rogério e Deibson escaparam durante a madrugada, por volta das 3h17. Eles estavam em celas individuais, uma ao lado da outra, e conseguiram passar pelo buraco de uma luminária que dá acesso ao teto do local.

Em seguida, os presos cortaram a cerca de proteção com um alicate que encontraram no local e pularam.

Esse é o roteiro indicado pela investigação preliminar. A suspeita é que tenha acontecido uma combinação entre falha humana e possível cooptação.

Ainda faltam respostas sobre como eles conseguiram passar por, pelo menos, três portas sem serem notados pela vigilância e sobre como tiveram sucesso em burlar o sistema de TV.

Obra no pátio

Outra suspeita é que uma obra em andamento no pátio da Penitenciária de Mossoró tenha facilitado a fuga ou reduzido a segurança do local.

Em virtude disso, um dos detectores de metal estava desativado e os agentes penitenciários deixaram de passar pelo procedimento, nos dias que antecederam à fuga. Isso pode ter provocado a entrada de algum material proibido.

O presídio

A unidade federal de Mossoró (RN) foi inaugurada em 2009 e tem capacidade para 208 presos. Além dela, há outras quatro unidades de segurança máxima no Brasil: em Brasília (DF), Porto Velho (RO), Campo Grande (MS) e Catanduvas (PR).

Além da categorização, o projeto arquitetônico também se assemelha entre elas, com cerca de 12,3 mil metros quadrados de construção. As celas são individuais e possuem em torno de 6 metros quadrados.

Os detentos ficam no interior das celas por 22 horas do dia, com direito a duas horas de banho de sol.

Os espaços são equipados com cama de concreto, escrivaninha, banco e prateleiras, além de banheiro, com sanitário, pia e chuveiro.

Presos de uma unidade federal

Para ser transferido para um dos seis presídios de segurança máxima do Brasil, a pessoa precisa corresponder a pelo menos uma das seguintes regras:

  • Ter desempenhado função de liderança ou participado de forma relevante em organização criminosa;

  • Ter praticado crime que coloque em risco a sua integridade física no ambiente prisional de origem;

  • Estar submetido ao Regime Disciplinar Diferenciado (RDD);

  • Ser membro de quadrilha ou bando, envolvido na prática reiterada de crimes com violência ou grave ameaça;

  • Ser réu colaborador ou delator premiado, desde que tal condição represente risco à sua integridade física no ambiente prisional de origem;

  • Estar envolvido em incidentes de fuga, de violência ou de grave indisciplina no sistema prisional de origem.

Ações do governo

Diante da fuga inédita em Mossoró, o ministro Ricardo Lewandowski anunciou algumas medidas específicas para tentar sanar o caso. Por meio de nota, ele divulgou seis pontos básicos:

  1. Determinou a ida do secretário Nacional de Políticas Penais, André Garcia, a Mossoró, acompanhado de uma equipe de seis servidores, para apurar os fatos e a tomada das ações cabíveis no âmbito administrativo;

  2. Acionou a Direção-Geral da Polícia Federal para iniciar investigações e o deslocamento de uma equipe de peritos ao local, com objetivo de averiguar responsabilidades e de atuar na recaptura dos dois fugitivos, ação já conta com o engajamento de mais de 100 agentes federais;

  3. Ordenou a mobilização das Forças Integradas de Combate ao Crime Organizado (Ficco), que congregam as polícias federais e estaduais nas ações de repressão da criminalidade organizada, para colaborarem com os esforços de localização e prisão dos foragidos;

  4. Instruiu a Polícia Federal (PF) para que efetuasse o registro dos nomes dos fugitivos no Sistema de Difusão Laranja da Interpol, bem como a sua inclusão no Sistema de Proteção de Fronteiras, para que sejam procurados pela comunidade policial internacional;

  5. Mobilizou a Polícia Rodoviária Federal (PRF) para monitorar as rodovias sob sua jurisdição e dar suporte à recaptura dos presos;

  6. Mandou que fosse realizada uma imediata e abrangente revisão de todos os equipamentos e protocolos de segurança nas cinco penitenciárias federais.

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