Histórico: Austrália legaliza terapias psicodélicas para tratamento de condições de saúde mental específicas

País se torna o primeiro do mundo a dar um passo a favor de terapias alternativas usadas na psiquiatria.

A Austrália fez história ao se tornar o primeiro país a legalizar oficialmente o uso de psicodélicos no tratamento de condições específicas de saúde mental. Desde o dia 1º de julho, psiquiatras credenciados estão autorizados a prescrever MDMA para o transtorno de estresse pós-traumático (TEPT) e psilocibina, o componente ativo dos ditos “cogumelos mágicos”, para a depressão resistente a medicamentos tarja preta e derivados.

Em fevereiro deste ano, a Administração de Produtos Terapêuticos (TGA) da Austrália tomou a decisão de mover o MDMA e a psilocibina da categoria mais restrita de substâncias proibidas para a categoria de drogas controladas, porém, apenas para uso médico.

Normas legais

No entanto, o uso desses psicodélicos não correrá livremente ou será totalmente indiscriminado. Eles serão oferecidos principalmente a pacientes que não responderam a outros tratamentos, e os médicos só poderão prescrevê-los se os benefícios superarem os riscos. Cada caso será tratado individualmente.

Além disso, os pacientes não terão permissão para tomar esses medicamentos livremente em casa, mesmo sob receita e tutela dos profissionais de saúde mental. Eles serão utilizados como parte de uma terapia assistida por psicodélicos, que envolverá sessões supervisionadas por profissionais treinados.

(Imagem: Mikhail Nilov/ Pexels)

Embora a eficácia desses tratamentos ainda precise ser estabelecida, evidências crescentes sugerem que os psicodélicos têm potencial promissor para tratar certas condições de saúde mental. Os dados clínicos coletados na Austrália contribuirão para o crescente corpo de evidências e ajudarão a determinar a melhor forma de utilizar esses medicamentos.

A decisão de autorizar o uso médico de psicodélicos foi amplamente aclamada por cientistas na Austrália quando anunciada pela TGA em fevereiro de 2023. No entanto, alguns especialistas ressaltaram a importância de explorar essa nova fronteira com bastante cautela e responsabilidade.

Kim Felmingham, especialista em psicologia clínica e diretor do Centro de Pesquisa em Saúde Mental e Cérebro da Universidade de Melbourne, explica:

“Embora a terapia assistida por MDMA para TEPT seja um desenvolvimento promissor e emocionante, é necessária uma pesquisa rigorosa para entender os mecanismos subjacentes a essa terapia. Isso nos permitirá determinar qual abordagem terapêutica funciona melhor para cada indivíduo com TEPT. Nenhum tratamento para TEPT é uma solução milagrosa que funciona para todos, e o MDMA não é uma exceção.  Pesquisas adicionais nesse campo nos ajudarão a otimizar nossos recursos de saúde, direcionar as pessoas para os tratamentos mais eficazes e melhorar o acesso aos cuidados para aqueles que vivem com TEPT”, disse o professor.

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