Há Necessidade de uma Agente 007?

Com a estreia do novo filme do James Bond, ‘007 – Sem Tempo Para Morrer‘, e a já anunciada despedida de Daniel Craig do papel do agente secreto, as casas de apostas começam a esquentar os seus motores para ver quem será o icônico personagem no futuro.

Existem alguns nomes fortes na disputa, como o de Henry Cavill, Idris Elba, Tom Hiddleston e Tom Hardy. Os quatro são excelentes atores e, sem dúvida, estão à altura do papel, que é tão significativo para a cultura pop. Mas, estamos no século 21, muitos paradigmas estão sendo quebrados. Sendo assim, é cada vez maior o número de pessoas que querem ver uma mulher assumir o manto do agente 007.

Essas mudanças sempre são complicadas, mexem com imagens já formadas na cabeça de muitos fãs. Mas é inevitável que as especulações surjam. Recentemente a atriz Jodie Whittaker passou a interpretar o Doctor Who, então era questão de tempo para que vozes femininas começassem a levantar a hipótese de uma mulher interpretar o 007.
Temos que ter muita calma para analisar esse possível cenário.

007
Tom Hiddleston também é cotado para ser o novo 007

Antes de mais nada, é importante salientar que a porta foi escancarada e que as mulheres estão cada vez mais tendo voz e lugar na sociedade. E isso não mudará. As mulheres chegaram e para ficar. E isso é ótimo!

Porém, quando falamos em um ícone, fica difícil de mudar de uma hora para outra. O título 007 é apenas um título, podendo ser perfeitamente possível que seja assumido por uma mulher. Porém, nos livros, filmes e demais derivados, esse título é sempre de um homem: James Bond. Não tem como mudar o personagem James Bond para uma versão feminina interpretada por Lashana Lynch.

O personagem é um ícone masculino. Talvez ele não seja considerado politicamente correto no mundo de hoje, mas são coisas que dá para se ajeitar, com bons roteiros e argumentos.
O ponto é que não dá para querer tirar um ícone masculino dos homens.

Seria estranho se (guardadas as proporções), amanhã ou depois quisessem fazer uma continuidade de Tomb Raider com um homem no papel de Lara Croft. Não dá! Ela já está consolidada, qual seria o motivo para mudanças?

Para a representatividade ser maior, é necessário criar novas personagens, heroínas e afins. Não apenas trocar o gênero dos já existentes. Talvez aproveitar e usar os protagonistas masculinos como escada para as personagens femininas. Quem sabe apresentar uma nova agente, talvez com outro número, tão forte quanto o 007 e partir daí, com novos filmes focados nessa personagem.

Isso foi feito com a “continuação” feminina de “11 Homens e Um Segredo”, quando Sandra Bullock encarnando Debbie Ocean, irmã de Daniel Ocean, protagonista do filme centrado nos homens. A Marvel também tem feito um pouco disso, dando espaço para novas heroínas, próximas às suas contrapartes masculinas, como, por exemplo, a Spider-Gwen, que faz grande sucesso.

007 mulher james bond 2
Lashana Lynch e Daniel Craig

Outro exemplo de “escada” masculina é a Enola Holmes, irmã de Sherlock Holmes. Ela nunca foi citada nos livros oficiais, mas criaram a personagem. Se o filme é bom ou não, se agradou ou não, esse não é o enfoque, mas sim o fato de que não precisaram mudar o sexo do Sherlock Holmes.

O mundo está mudando, isso é fato. A mudança é ótima, dando espaço igual para todo mundo, mas não dá para ignorar o fato de que até meados do século passado tudo era masculinizado, quase todos os protagonistas eram homens. Isso precisa mudar, mas a mudança será com a criação de personagens femininas fortes e não, simplesmente, com a mudança de gênero dos já existentes.

Vamos torcer para que, cada vez mais, essas personagens apareçam e ganhem os holofotes. Mas vamos torcer também para que o espião James Bond – 007 permaneça sendo um personagem masculino.

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