Greve em Hollywood: Sindicato dos atores oficializa paralisação; um dos motivos é surreal

A reivindicação de direitos e de melhorias na vida dos trabalhadores pode ser vista em diversos ramos, desde a produção industrial até o âmbito artístico. Diversos fatores podem influenciar nas decisões e mobilizações dos funcionários, cujo resultado do não atendimento às requisições pode resultar em paralisações.

Atualmente, até mesmo a indústria cinematográfica está lidando com as exigências de atores, roteiristas e outros profissionais do ramo.

Essas demandas se intensificaram nos últimos dias de tal maneira que as ações decorrentes desse diálogo empresarial não eram vistas há décadas. E o motivo é totalmente surpreendente e um tanto preocupante.

Greve do Sindicato dos Atores de Hollywood é oficializada

Foto: Mike Blake/Reuters/Reprodução

Dessa maneira, ontem (13/7), foi finalmente oficializada a greve do Sindicato dos Atores de Hollywood (SAF-AFTRA). Discordâncias em acordos entre a associação dos grandes estúdios (AMPTP) e os representantes dos artistas evoluíram para essa paralisação, que não ocorre entre atores desde 1980.

Mais de 160 mil trabalhadores fazem parte da mobilização, impactando significativamente as produções de entretenimento dos Estados Unidos.

Além dos artistas, a associação de roteiristas também já aderiu ao movimento, resultando em um impacto ainda maior. Essa união é algo que não ocorria desde 1960.

Até mesmo o elenco de “Oppenheimer”, cujo lançamento está previsto para 20 de julho, se retirou da première do filme em Londres, em apoio aos manifestantes. Christopher Nolan expressou seu posicionamento favorável diante do ocorrido.

“‘[Os atores] estão se unindo a um dos meus sindicatos, o dos roteiristas, na luta por compensações justas para os trabalhadores”,  declarou Nolan.

A Sony, Marvel, HBO e a Comic-Con de San Diego já estão ausentes de seus trabalhos. Embora a AMPTP tenha tentado negociar, mesmo com o vencimento de contratos e até a prorrogação deles para o dia 12 de julho, os órgãos não chegaram a um acordo. Um dos fatores de discordância foi até mesmo o uso de inteligências artificiais.

Motivos da greve e tentativas de negociação

Foto: Uol/Reprodução

Embora o avanço tecnológico possibilite um aumento na criação de ferramentas para o conforto social, o despreparo da sociedade para receber essa inovação gera impactos negativos na economia e na política, dado que a automação pode tornar algumas profissões obsoletas.

Após a manifestação de preocupação de grandes nomes, como Elon Musk, em relação à inteligência artificial, mais trabalhadores estão sendo afetados.

O diretor-executivo do Sindicato dos Atores, Duncan Crabtree-Ireland, expressou o descontentamento da associação com a surpreendente proposta dos estúdios para o uso de imagem de artistas em projetos de IA. Esse é um dos fatores que os levaram à greve. Ele alega:

“A proposta ‘inovadora’ foi sugerir que nossos atores e extras, atuando como figurantes, possam ser digitalizados, remunerados por um dia de trabalho, e que o estúdio detenha os direitos dessa imagem para uso em qualquer projeto que desejarem, sem necessidade de consentimento e sem compensação adicional.”

A AMPTP afirmou ter proposto um bom acordo, com aumento salarial e pagamentos residuais e de aposentadoria, mas isso não foi suficiente para se chegar a uma concordância.

Além disso, o Sindicato dos Roteiristas (WGA) exige reformas nas salas de roteiristas e aumento salarial, pois estão sendo afetados pela tendência de criação de temporadas de séries com poucos episódios.