Grande Muralha da China: cientistas fazem descoberta CHOCANTE sobre monumento
Estudo identifica aumento da estabilidade e resistência em seções de taipa da Muralha graças à presença de biocrostas no solo.
A Grande Muralha da China, um dos pontos turísticos mais famosos do mundo, possui porções de taipa, construídas com a compressão de materiais naturais, que têm gerado preocupação por serem um ponto fraco na estrutura do monumento.
De acordo com um estudo recente, o que protege essa parte da muralha é uma linha natural criada ao longo do tempo e que funciona como se fosse um mecanismo de defesa contra a deterioração.
Estamos falando de uma espécie de “pele viva”, que cobre o solo e é formada por pequenas plantas e microrganismos sem raízes, conhecidos como biocrostas. De acordo com os cientistas, são elas as responsáveis por garantir a permanência da muralha.
O estudo foi publicado em dezembro na revista Science Advances. Biocrostas são, geralmente, comuns em solos de regiões secas, mas chamou a atenção dos pesquisadores a forma como elas se formaram diante de uma estrutura construída pelo homem.
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Grande Muralha da China foi construída entre 1368 e 1644, durante a Dinastia Ming – Imagem: Reprodução
Ameaça ou solução?
O que se sabia, até então, pelos estudos já divulgados, é que biocrostas de líquen e musgo são capazes de destruir estruturas de pedra, pois, além da questão estética, os micróbios agem na produção de ácidos e outros metabolitos que causam erosão e deterioração das rochas.
A questão é tão séria que foi preciso retirar as plantas que cresciam no topo da Grande Muralha. Por outro lado, os efeitos das biocrostas são positivos, quando se trata de solo e marcos terrestres.
Elas agem de um jeito diferente e conseguem aumentar a estabilidade do monumento, refletindo na resistência à erosão.
O novo estudo examinou amostras retiradas de mais de 483 quilômetros ao longo da muralha, em oito seções diferentes de taipa. Vale lembrar que o monumento foi construído entre 1368 e 1644, durante a Dinastia Ming.
Mais de dois terços da área examinada estão cobertos por biocrostas. As análises concluíram que regiões com a chamada “pele viva da Terra” apresentam até três vezes mais força e resistência do que as que não são cobertas por ela.
“Eles pensaram que este tipo de vegetação estava destruindo a Grande Muralha. Nossos resultados mostram o contrário. As biocrostas estão muito difundidas na Grande Muralha e a sua existência é muito benéfica para a sua proteção”, afirma o professor de ciência do solo Bo Xiao, da Universidade Agrícola da China.
O que são biocrostas?
As biocrostas são compostas por componentes como cianobactérias, algas, musgos, fungos e líquens. Elas ficam, geralmente, na camada superficial do solo nas regiões mais secas e cobrem cerca de 12% da superfície da Terra.
Em média, elas levam décadas para se formar e funcionam como um ecossistema em miniatura. Apesar do tamanho reduzido, são capazes de estabilizar o solo, aumentar a retenção de água e regular a fixação de carbono e nitrogênio.
No caso da Muralha da China, as áreas com biocrostas têm porosidade, erodibilidade, salinidade e retenção de água até 48% menores do que os pontos sem a presença da “pele viva”. O aumento de estabilidade e resistência chega a ser de 321%.
“[Biocrostas] cobrem a Grande Muralha como um cobertor que separa a Grande Muralha do ar, da água e do vento”, aponta o professor Xiao.