Amazônia: índices de desmatamento batem recorde em fevereiro
Segundo dados divulgados pelo Inpe, fevereiro apresentou um desmatamento de 209 km², mas uma parte disso é do mês de janeiro.
No início deste ano, o sistema Deter (Sistema de Detecção de Desmatamento em Tempo Real) registrou uma diminuição de 61% no desmatamento da floresta Amazônica em relação ao mesmo período do ano passado.
Entretanto, junto a essa revelação de dados, Daniel Silva, especialista em conservação, destacou que esses dados poderiam não estar completamente corretos.
Isso acontece porque, segundo Silva, no mesmo período houve uma maior interferência de nuvens sobre a região, o que poderia modificar os dados encontrados pelo sistema Deter, uma vez que ele utiliza imagens de satélites com sensores ópticos.
Portanto, a realidade em relação ao desmatamento local poderia se apresentar apenas nos próximos meses, e de fato foi o que aconteceu.
Dados sobre desmatamento de fevereiro de 2023
Toda sexta-feira, o Inpe (Instituto de Pesquisas Espaciais) apresenta os dados de desmatamento relativos à semana anterior, portanto, os últimos dados apresentados são referentes até o dia 17 de fevereiro de 2023.
Nestes dados foi demonstrado que foram desmatados cerca de 209 km² (ou 20.900 hectares) até o dia 17 de fevereiro, sendo o maior valor encontrado para o mês, desde o início do monitoramento, em 2015.
No entanto, como já foi dito no início desta matéria, os dados do mês de janeiro sofreram interferência pelas nuvens, o que pode indicar que esses dados, na realidade, são a soma do desmatamento que ocorreu entre ambos os meses, janeiro e fevereiro.
Tal como Daniel Silva descreve:
“O aumento da área desmatada nos primeiros dias de fevereiro deve ser interpretado com cautela. Tivemos um aumento de nuvens em janeiro, e o Deter pode estar detectando em fevereiro desmatamentos que ocorreram no mês passado.”
Mudança no governo e a relação com a Amazônia Legal
Amazônia Legal é o termo descrito para o território da floresta Amazônica dentro do Brasil e sobre a responsabilidade de preservação por parte da União. A Amazônia Legal ocupa atualmente 59% do território brasileiro, ocupando uma área correspondente a 8 estados do país.
Segundo Márcio Astrini, secretário-executivo do Observatório do Clima:
“É óbvio que em janeiro/fevereiro não veríamos nos números de alerta a ação do governo. Ele está começando a arrumar a casa. Vamos ver esses números daqui uns dois, três meses. Vamos começar a ver a curva de diminuição ou manutenção, mas precisamos dar um tempinho para o governo.“
Com isso, o secretário-executivo busca explicar à população que o atual governo, que procura uma maior preservação da Amazônia Legal, está apenas começando o seu mandato.
Portanto, as mudanças prometidas pelo mesmo, o qual já tomou providências em relação a floresta, apenas começaram a ser vistas nos próximos meses, opinião essa também compartilhada por outros membros do governo, assim como Daniel Silva, citado anteriormente.