Estudo indica: empresas brasileiras negligenciam a LGPD e abusam no WhatsApp
Resultados revelam sérias questões sobre a falta de regulamentação e fiscalização adequadas, permitindo que práticas ilegais continuem impunes; entenda.
Você sabia que existe uma lei no Brasil que proíbe o envio de mensagens de empresas por WhatsApp, exceto se houver consentimento explícito do indivíduo? É a chamada Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), e o descumprimento da mesma pode causar uma multa de até R$ 50 milhões.
Mesmo com um valor tão alto de multa, muitas marcas não cumprem a lei.
Uma pesquisa feita pela Opinion Box revelou que 78% das pessoas que responderam o estudo já receberam mensagens e ofertas de empresas com quem não tinham contato pelo WhatsApp.
O número é bem grande quando comparado aos resultados de 2021, quando o volume chegou a 56%. Os resultados mostram que mesmo com a existência da legislação e a cobrança de multas, as empresas não respeitam a LGPD.
O que o consumidor pensa sobre ser abordado via WhatsApp
Apesar do descumprimento da lei, muitos consumidores deram respostas positivas sobre a abordagem das empresas. O estudo mostrou que 53% das pessoas não se importam em receber propagandas e promoções esporádicas pelo aplicativo.
Além disso, os entrevistados afirmaram que costumam ler e até mesmo responder os contatos dos comerciantes, mesmo quando não se lembram de ter realizado o cadastro em lojas e estabelecimento.
Por outro lado, o percentual negativo também se mostra bastante expressivo. Em um grupo de dez, pessoas pelo menos três delas ignoram as mensagens recebidas.
Além disso, 17% dizem bloquear o contato e outros 56% demonstraram se incomodar quando as mensagens são enviadas por lojas nas quais não fizeram nenhum tipo de cadastro.
Mas se tantas pessoas se incomodam com essa prática, por que as empresas continuam a entrar em contato com os consumidores? Não existe nenhuma fiscalização ou punição em relação à prática?
O LGPD é uma norma relativamente recente que entrou em vigor apenas em agosto de 2020, e desde então já passou por diversas fases e adaptações. Por isso, muitas empresas ainda não se adaptaram a nova legislação.
O que o WhatsApp recomenda
O WhatsApp investe em informar os seus usuários sobre a política de mensagens comerciais. No WhatsApp Business, por exemplo, é esclarecido que os estabelecimentos só devem entrar em contato com usuários que tiverem fornecido seus números e concordado em ser contatados pela empresa.
“Como os dados demonstram, as pessoas querem trocar mensagens com as empresas, e estamos focados em tornar essas experiências úteis e dar às pessoas o controle de suas conversas. Fornecemos ferramentas e a educação necessária para que as empresas tenham conversas de qualidade com seus clientes, ao mesmo tempo em que investimos em sistemas de detecção e redução de mensagens indesejadas”, esclarece a plataforma.
O WhatsApp estabelece três objetivos básicos para proteger o usuário de mensagens indesejadas:
- Educar os clientes para usar as mensagens de marketing de forma mais efetiva, tanto para a empresa quando para o consumidor.
- Não permitir disparos em massa e possuir sistemas de detecção de spams, além de políticas de sanções para esse tipo de abuso.
- Colocar o poder de decisão nas mãos do usuário: o WhatsApp estimula o consumidor a denunciar ou bloquear as mensagens desconhecidas que considerar inconvenientes.
Cada denúncia ou solicitação de bloqueio é analisada internamente por uma ferramenta chamada “taxa de feedback negativo”, que estabelece uma quantidade de feedbacks negativos que uma conta comercial pode receber. Se uma conta recebe muitos deles, fica sujeita a punições que vão desde restrições de tipos de mensagens até a suspensão integral.