Em dias com ar muito poluído, é seguro fazer exercício ao ar livre?

Com a poluição aumentando em várias cidades, é importante entender os riscos e benefícios de se exercitar ao ar livre em meio à fumaça

Com o aumento da poluição do ar em várias cidades do Brasil nas últimas semanas, surge a dúvida: é seguro se exercitar ao ar livre ou isso pode ser prejudicial à saúde?

O dilema é grande, pois sabemos que os exercícios são essenciais para o bem-estar, mas a poluição atmosférica pode trazer sérios riscos à saúde. A ciência pode nos ajudar a entender melhor essa situação.

Aumento das queimadas e mudanças climáticas intensificam a presença de fumaça no ar em várias regiões do Brasil, levantando preocupações sobre a prática de atividades ao ar livre – Foto: Reprodução

Poluição x exercício físico

Quando nos exercitamos, o corpo passa por diversas mudanças fisiológicas que podem aumentar a exposição aos poluentes presentes no ar.

Durante atividades como corrida ou ciclismo, a respiração se intensifica e o fluxo de ar inalado aumenta, o que permite que o ar, sem passar pela filtragem nasal, chegue diretamente aos pulmões. Isso torna mais fácil a entrada de poluentes nas áreas mais profundas do sistema respiratório.

Esse cenário pode se agravar com a intensidade do exercício. Durante uma atividade física intensa, o corpo se esforça mais e, consequentemente, inala uma quantidade maior de poluentes, o que pode aumentar os riscos à saúde.

A poluição do ar consiste em uma mistura de partículas e gases, como material particulado (PM), ozônio (O₃), monóxido de carbono (CO), óxidos de nitrogênio (NOx) e óxidos de enxofre (SOx). O material particulado, especialmente o PM2,5, é o mais perigoso, pois suas pequenas partículas conseguem penetrar profundamente no sistema respiratório, causando problemas respiratórios e cardíacos.

Foto: Shutterstock

Benefícios do exercício superam os riscos?

Vários estudos buscam responder à pergunta se a poluição do ar pode anular os benefícios do exercício físico. Uma pesquisa revelou que, na maioria dos casos, os benefícios de se exercitar superam os riscos da exposição à poluição.

Entretanto, em áreas onde os níveis de PM2,5 ultrapassam 100 µg/m³, os riscos podem superar os benefícios, principalmente após longos períodos de exposição, como mais de 1,5 hora de ciclismo ou 10 horas de caminhada.

Recentemente, cidades brasileiras, como São Paulo, registraram níveis de poluição preocupantes, próximos ao limite em que os riscos podem começar a se sobrepor aos benefícios. Esse dado merece atenção, especialmente para aqueles que praticam atividades físicas ao ar livre durante longos períodos.

Recomendações para treinar com segurança

Embora os benefícios do exercício superem geralmente os riscos da poluição, é fundamental tomar alguns cuidados para minimizar a exposição a poluentes. Aqui estão algumas recomendações:

  • Monitore a qualidade do ar: use plataformas como IQair e o Índice de Qualidade do Ar (AQI) para verificar a condição do ar antes de praticar exercícios.
  • Escolha o local certo: sempre que possível, opte por ambientes longe de vias movimentadas ou fontes de poluição.
  • Troque o ar livre pelo indoor: em dias de poluição severa, considere treinar em ambientes fechados, como academias.
  • Use máscaras adequadas: se a exposição ao ar poluído for inevitável, o uso de máscaras (N95, KN95, FFP₂) pode ajudar a filtrar partículas perigosas.

Mesmo em condições de poluição, os benefícios do exercício físico continuam geralmente a ser maiores que os riscos, exceto em casos de poluição extrema. Portanto, com os devidos cuidados, é possível continuar a se exercitar de forma segura.

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