Dodô: espécie extinta pode voltar à vida, segundo a ciência
Descubra os detalhes da biotecnologia e engenharia genômica por trás desse projeto ambicioso.
Em um período que remonta de 1662 a 1690, o pássaro dodô (Raphus cucullatus) desapareceu do planeta, ao deixar para trás apenas histórias e especulações sobre sua aparência peculiar.
Sem a capacidade de voar, essa ave, semelhante a um grande pombo, pesava cerca de 23 quilos e habitava a ilha de Maurício, no Oceano Índico, onde foi extinta aproximadamente 150 anos após a chegada dos veleiros europeus.
Contudo, a ciência agora lança uma proposta ousada para trazer de volta à vida esse ícone peculiar da fauna extinta.
A startup de biotecnologia Colossal Laboratories & Biosciences, sediada em Dallas, Texas, tem planos ambiciosos de reviver o animal.
Ressuscitando o dodô
Imagem representativa do dodô – Imagem: Canva Pro/Reprodução
O dodô, cuja chegada misteriosa à ilha de Maurício permanece envolta em mistério, prosperou nesse paraíso isolado, onde a ausência de predadores naturais moldou sua anatomia e comportamento.
A falta de ameaças fez com que essas aves se tornassem desajeitadas e pesadas, mas, ao mesmo tempo, desenvolveram uma agilidade surpreendente em seu habitat natural.
Leon Claessens, professor de Paleontologia e Evolução de Vertebrados na Universidade de Maastricht, destaca que, apesar da reputação de desajeitado, o dodô tinha uma anatomia consistente com uma agilidade maior do que se imaginava. Sua estrutura óssea única permitiu que prosperasse no solo, ao correr sobre duas pernas curtas em busca de comida.
O dodô, conhecido por sua participação no clássico ‘Alice no País das Maravilhas’, de Lewis Carroll, tinha uma dieta peculiar, com pedras como aperitivo favorito.
A Colossal esclarece que essas pedras desempenhavam um papel vital na digestão, pois funcionavam como caroços de moela ou gastrólitos.
A ciência por trás da ressurreição do dodô
Pássaro extinto por volta de 1662 – 1690 – Imagem: Canva Pro/Reprodução
A iniciativa para reviver o pássaro é impulsionada por avanços na análise de DNA antigo. Beth Shapiro, especialista da Universidade da Califórnia, e sua equipe conseguiram recuperar informações detalhadas de DNA de restos do dodô em um museu dinamarquês.
O processo envolverá a modificação do parente mais próximo ainda vivo, o pombo-de-nicobar, e uma abordagem de aprendizado de máquina para otimizar os parâmetros de crescimento de células germinativas primordiais (PGCs).
A Colossal também utilizará dados do solitário-de-rodrigues, parente genético — mas extinto — mais próximo do dodô, e implementará uma evolução direcionada de ferramentas de edição genética.
A transferência de linhagem germinativa para um hospedeiro de frango substituto e a incubação do ovo marcam os passos finais desse processo.