Depressão sazonal: as estações do ano realmente podem afetar nossa saúde mental?
Já sentiu os efeitos da depressão sazonal? Entenda o que especialistas em Psicologia dizem sobre esse transtorno afetivo.
O inverno está batendo na nossa porta e, com ele, os dias mais curtos, frios, cinzas e nebulosos. Tudo isso torna-se um obstáculo para se erguer e cumprir com as nossas obrigações diárias.
Nos períodos de mudanças de estação é normal andar mais desanimado. No entanto, estudos apontam que o frio e a falta de luz têm a capacidade de deteriorar nossa saúde mental.
Esse sentimento de apatia pode ser um distúrbio chamado de Transtorno Afetivo Sazonal, ou como é popularmente conhecido, depressão sazonal. Esse transtorno está diretamente ligado à falta de luz solar, que afeta o equilíbrio químico do cérebro.
Como consequência disso, as pessoas ficam mau humoradas, se sentem desanimadas e com a energia baixa, podendo perder interesse pelas atividades que geralmente trazem prazer em seu dia a dia.
Além disso, as pessoas também tendem a comer e a dormir mais do que o normal. Quem sente os efeitos da depressão sazonal mais severamente pode até mesmo se isolar socialmente. Confira o que psicólogos dizem sobre esse transtorno, a seguir.
Sim, o inverno influencia sua saúde mental
O Transtorno Afetivo Sazonal foi descrito na década de 80 pelo psiquiatra Norman E. Rosenthal e é oficialmente reconhecido no Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM).
De acordo com um estudo publicado no Journal of the Spanish Association of Neuropsychiatry, o transtorno afeta de 1% a 10% da população mundial e está ligado à diminuição da luz solar, como citado anteriormente. Paola Mallea, psicóloga da Clínica Las Condes, afirma que:
“Essas mudanças de luz que ocorrem no início do outono-primavera variam em cerca de 30%.
Portanto, as pessoas são forçadas a mudar seus padrões de sono e, embora não seja o único fator desencadeante, tem um efeito importante na assimilação da vitamina D e dos neurotransmissores.”
Quando a luz natural é reduzida, a produção de serotonina, responsável pela regulação do humor, e a melatonina, responsável por manter o ciclo normal de sono e vigília, aumenta. Ou seja, o ritmo do corpo é alterado, gerando mudanças no sono, humor e comportamento.
Nesse sentido, Paula Errázuriz, professora da Faculdade de Psicologia da UC, investigadora do MIDAP e cofundadora da Fundação PsiConecta, afirma que:
“Isso (as mudanças no sono, humor e comportamento), por si só, é uma doença de saúde mental que requer atenção. Não é que a pessoa não tenha força de vontade, mas que há um problema que precisa ser tratado.”
Por fim, a professora Paula Errázuriz indica para as pessoas que sofrem de depressão sazonal que realizem sessões de psicoterapia acompanhadas de farmacoterapia, além de:
“Expor-se mais à luz solar nas horas da manhã, fazer atividades físicas no exterior, ficar de olho nos padrões de sono e comer de forma saudável.”