Como o Japão suporta terremotos que seriam piores em outros países
País começou o ano com um forte terremoto e mais de 60 mortes já foram confirmadas. Histórico de tremores gerou necessidade de adaptação.
No primeiro dia de 2024, o Japão voltou a vivenciar mais um forte terremoto com alarmes de possível tsunami. A população de Ishikawa, onde o tremor foi iniciado, viveu momentos de tensão.
Esse tipo de acontecimento tem sido comum no país nos últimos anos. Vale lembrar, inclusive, do terremoto de 2011 que gerou um grande tsunami e provocou um acidente nuclear na usina de Fukushima.
O trauma por lidar com esses episódios faz parte da história japonesa. Até então, já foram contabilizadas mais de 60 mortes ocasionadas por essa última ocorrência, e o país se organiza para reverter os danos e se reerguer.
Capacidade de reorganização
Terremoto de 2011 provocou tsunami e acidente nuclear na usina de Fukushima – Foto: Reprodução
Apesar dos prejuízos e das vítimas, fato é que o Japão já viveu tantos tremores de terra que foi obrigado, ao longo do tempo, a se estruturar e adotar medidas para prevenir danos maiores.
Um terremoto como o desse último 1º de janeiro teria sido muito mais devastador em qualquer outro país.
Chama a atenção do mundo como o Japão é capaz de se reorganizar rapidamente e, ao mesmo tempo, fica uma pergunta no ar: como isso é possível?
Quem vive ou já viveu no país diz que os tremores fazem parte da rotina. Apesar de a sensação gerar medo e questionamentos sobre a resistência dos prédios e moradias, a realidade local é essa.
O segredo japonês
Para dimensionar o impacto dos terremotos, o Japão criou uma escala própria de definição. Ele não trabalha com magnitudes, mas com avaliações de quanto o chão treme, em uma escala que vai de um a sete.
O tremor do dia 1º atingiu o máximo. Casas, estradas e pontes ficaram destruídas, com registros de enormes deslizamentos de terra, mas a maioria absoluta dos edifícios ficou intacta.
Tal capacidade está associada a uma mudança sensível na engenharia do país, que começou em 1923, há um século, quando ocorreu o grande terremoto chamado Kanto.
Ele destruiu cidades inteiras e os prédios modernos, feitos com padrão europeu, não resistiram. Desde então, o código de construção do Japão passou por alterações sucessivas, a fim de obter uma resistência maior.
Os regulamentos foram atualizados ao longo do tempo, à medida que novos abalos sísmicos foram registrados.
Em 1981, ocorreu a mudança mais significativa — todos os novos edifícios, erguidos desde então, passaram a ter medidas de isolamento sísmico. E é isso que garante a resistência japonesa em gerar o mínimo impacto possível, diante de tantos tremores.