Cientistas criam organoide capaz de auxiliar no tratamento de doenças oculares
Cientistas estadunidenses conseguiram criar organoides capazes de se ligar a outras células oculares, possibilitando o tratamento de inúmeras doenças.
Uma pesquisa publicada na Proceedings of the National Academy of Sciences of the United States of America (PNAS) mostrou que uma equipe de cientistas, liderados por David M. Gamm, criou em laboratório células fotorreceptoras. Elas são capazes de se ligarem a outras células oculares, formando sinapses nervosas.
Em outras palavras, a equipe conseguiu realizar a criação de células capazes de se juntar a outras células já presentes no olho humano. Isso possibilita o tratamento de muitas doenças oculares.
O trabalho dos cientistas foi entregue para editoração do PNAS em 5 de agosto de 2022. Mas a publicação aconteceu no início deste ano, no dia 4 de janeiro.
Criação de organoide
A pesquisa tem como título “Re-formation of synaptic connectivity in dissociated human stem cell-derived retinal organoid cultures”. Em tradução literal: “Re-formação da conectividade sináptica em culturas de organoides da retina derivadas de células-tronco humanas dissociadas”.
Os cientistas responsáveis pela pesquisa já haviam realizado uma experiência similar em 2014. Na ocasião, conseguiram, por meio da utilização de células-tronco, criar um organoide capaz de simular a função e a forma de uma retina real.
Contudo, o diferencial da nova experiência foi conseguir assimilar outras células oculares que não fazem parte do organoide que criaram.
Quando obtiveram sucesso com a criação do organoide, Gamm e os outros pesquisadores precisavam compreender se o conjunto de células criadas seria capaz de fazer sua ligação novamente, caso houvesse separação. Ou, ainda, se seriam capazes de se interligar com outro conjunto de células de mesma função. Caso isso fosse possível, o conjunto de células fotorreceptoras poderia se unir a retinas humanas para conseguir recobrar parte das funções perdidas por algum tipo de doença.
Para que isso aconteça, é necessário que as células criadas em laboratório sejam capazes de realizar a união por meio dos axônios, que são as extensões das células que se unem umas às outras. Mas, além da conexão via axônios, é necessário que eles criem sua rede neural por meio das sinapses. Em resumo, os axônios são como fios que ligam as células, e as sinapses são a energia que passa por esses “fios”. Essa energia são os comandos ou a linguagem das células.
Para testar as sinapses criadas, os pesquisadores introduziram no processo o vírus da raiva e deixaram que ele agisse por uma semana. Caso o experimento fosse um sucesso, o vírus migraria pelas células utilizando as sinapses como canal de movimentação.
Enfim, conforme esperavam Gamm e seus companheiros, o vírus ficou migrando entre as células na semana em que ocorreu sua introdução, confirmando o sucesso da experiência.