Pesquisa sugere existência de camada inesperada entre núcleo e manto terrestres
Pesquisa publicada na revista Science Advances sugere a existência de rochas oceânicas presentes entre manto e núcleo terrestres.
Há cerca de 2.500 anos, o filósofo grego Pitágoras se questionou sobre o real formato do nosso planeta. Por meio de uma pesquisa utilizando duas cidades como base, o filósofo, em uma série de cálculos, conseguiu afirmar quase que corretamente o diâmetro esférico da Terra.
Desde então, diversos outros estudos surgiram, comprovando por mais de uma vez o formato do nosso planeta. Mas como quase tudo na Ciência, isso condicionou ainda mais perguntas, como: a Terra é redonda? O que há no meio dela?
Hoje em dia, com a evolução do método científico e a criação de tecnologias, assim como a exploração espacial, sabemos que a Terra é composta por cinco camadas, sendo elas: crosta, manto superior (ou astenosfera), manto inferior, núcleo externo e núcleo interno.
Alguns estudiosos dizem que, para aqueles que não estudam a fundo a Geologia, é necessário apenas ter conhecimento das divisões Crosta, Manto e Núcleo. Porém, para aqueles que estudam o assunto, ou que se interessam por ele, as cinco divisões são o correto a se saber.
Mas o que essas divisões implicam para a humanidade? Bom, para qualquer um que já tenha ouvido falar de um terremoto, uma erupção vulcânica, ou que more em altas altitudes, isso é essencial para conhecer o mundo.
Pois é a interação entre essas camadas, proporcional pelas diferenças de composição e estado físico, que levam a esses eventos.
Por exemplo, as placas tectônicas são grandes pedaços da crosta que se movimentam sobre o manto superior (plasmático), impulsionadas pela energia interna gerada pelo decaimento radioativo do núcleo terrestre.
Vestígios de crosta terrestre em volta do núcleo
Conforme o exemplo acima, as placas tectônicas são movimentadas pelo que é conhecido como corrente de convecção. Essas correntes são massas de rocha líquida (magma) que fluem do interior da Terra para a superfície. Dessa forma, fazem com que seja gerado um novo assoalho oceânico.
Consequentemente, essa “liberação” de magma na superfície vai criar novas rochas, ou seja, uma nova crosta. Essa nova crosta vai gradualmente empurrar a antiga, e isso leva ao fenômeno da movimentação dos continentes.
Sendo assim, se há uma criação, consequentemente haverá uma “destruição” ou “reciclagem”. Isso acontece nas zonas de subducção, em que as placas tectônicas mais densas afundam de volta para o manto da Terra.
É nessa etapa que entra a mais recente descoberta feita por cientistas e publicada na revista Science Advances. Estudo feito por meio de ondas sísmicas captadas por quinze instalações de monitoramento na Antártica ao longo de três anos.
Os responsáveis pela pesquisa descobriram que há pontos em que existe uma movimentação mais lenta do magma terrestre. Esses pontos foram chamados de zonas de velocidade ultrabaixa (ULVZs).
Mas o que isso significa na prática? Significa que, na zona que compreende o limite entre o núcleo externo e o manto inferior, as ULVZs acabam gerando o surgimento de aglomerações de antigas formações rochosas.
E como se sabe, toda a formação que retorna para o interior da Terra é proveniente do assoalho oceânico, então isso nada mais é do que antigas rochas que compunham o oceano há milhões de anos.
Logicamente, como em toda a Ciência, ainda há muito o que se discutir a respeito dessa descoberta. Porém, os cientistas responsáveis pela pesquisa acreditam que talvez todo o limite núcleo-manto seja coberto por uma fina camada de rochas oceânicas antigas.