A recente decisão da BBC de substituir uma narradora humana por uma voz gerada por IA causou alvoroço no mercado de trabalho e colocou mais fogo no debate sobre a ética e os impactos da inteligência artificial.

Sara Poyzer, reconhecida por sua atuação no espetáculo musical ‘Mamma Mia!’ nos teatros, foi comunicada que seus serviços de narração não seriam necessários devido à substituição por uma voz feita com IA.

Sara Poyzer, a voz emblemática de ‘Mamma Mia!’ – Imagem: The Hollywood Reporter/Reprodução

Em suas redes sociais, Poyzer compartilhou um print de um e-mail pelo qual ela foi notificada. Ela legendou a publicação dizendo que tudo isso estava trazendo grande desânimo e marcou a BBC.

Enviado por uma produtora responsável pelo programa da emissora de TV, o e-mail diz:

“’Lamentamos a demora — recebemos autorização da BBC para utilizar a voz gerada por IA, então não precisaremos mais dos serviços de Sara”, responde a empresa.

Justificativa da BBC e a reação da WGA

A BBC defendeu sua escolha, alegando que a voz artificial foi utilizada em um documentário altamente sensível para representar uma pessoa chegando ao fim da vida, honrando assim os desejos da família.

No entanto, a decisão gerou controvérsia, com o sindicato dos roteiristas (Writers Guild of America — WGA) que se mobilizou contra o uso da IA na indústria do entretenimento.

E é preciso lembrar que, no ano passado, foi esse sindicato que organizou a maior greve dos roteiristas e atores desde 1960.

O WGA enviou uma carta ao congresso dos EUA, pedindo proteção para os trabalhadores do setor contra a substituição por IA e o uso não autorizado de seus trabalhos.

E toda essa discussão destaca a necessidade urgente de uma legislação que garanta os direitos dos profissionais criativos e evite abusos por parte das empresas que adotam a IA para criar conteúdo.

Como resolver o problema?

A situação da BBC e a carta do WGA mostram que é muito importante fazer regras para controlar o uso da IA, principalmente na área do entretenimento.

É de suma importância criar leis que protejam os trabalhadores, e assim estes não sejam substituídos por computadores e ninguém use seus trabalhos sem autorização.

Além disso, o debate sobre o futuro do trabalho na era da IA está em pleno vigor. A automação oferece eficiência, mas também representa uma ameaça para a existência de alguns profissionais.

Por isso que é tão fundamental que sejam estabelecidos mecanismos legais para garantir a segurança profissional e promover uma transição justa para uma economia impulsionada pela IA.

A insegurança entre os trabalhadores é palpável diante da falta de legislação e acordos de classe claros. Eles precisam de garantias concretas sobre seus direitos profissionais e proteções contra a substituição por IA.

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Na última terça-feira, 2 de maio, Writers Guild of America (WGA), sindicato dos roteiristas de cinema e televisão de Hollywood, deu início a uma greve da categoria.

Com base nisso, é provável que, nos próximos dias, diversas produções anunciem seus cancelamentos, paralisações e interrupções como consequência da paralisação.

Disponibilizamos abaixo uma lista com todos os programas e séries que já esclareceram e compartilharam quais serão seus próximos passos, seja na manutenção, interrupção ou no cancelamento da produção, após a greve do WGA.

O futuro das séries

‘Cobra Kai’ (Netflix): roteiristas entraram em greve oficialmente, e a produção do último ano já foi interrompida.

‘Abbott Elementary’ (Star+): ao Democracy Now, a produtora da série Brittani Nichols declarou:

“Nós somos uma série que escreve os roteiros enquanto os episódios vão ao ar […]. Se a greve for duradoura, nossa série não vai sair a tempo e isso pode mudar a quantidade de episódios, o que eu tenho certeza que irá frustrar muito as pessoas.”

‘Yellowjackets’ (Paramount+): “tivemos exatamente um dia na sala dos roteiristas do terceiro ano de Yellowjackets. Foi incrível, criativamente revigorante e muito divertido, e estou muito animada para voltar assim que o #WGA conseguir um acordo justo”, explicou a cocriadora, Ashley Lyle, em seu Twitter.

‘Good Omens’: o criador Neil Gaiman, através do Twitter, revelou que a segunda temporada de “Good Omens” foi entregue e concluída:

“Estou no Writers Guild of America. Eu gostaria que isso não estivesse acontecendo e apoio absolutamente. Quando eu acordar amanhã, estarei em greve. (Para evitar as perguntas inevitáveis, ‘Good Omens’ [temporada] 2 foi concluída e entregue. Talvez eu não consiga promovê-la como esperava)”, declarou.

‘A Casa do Dragão’ (HBO): de acordo com informações, a segunda temporada da série já tem o seu roteiro concluído, e suas filmagens vão ocorrer normalmente, mesmo com a greve.

Talk shows e programas de variedades

O The Wrap publicou uma reportagem revelando que alguns programas irão exibir reprises no lugar do ao vivo em respeito à paralisação, nada mudará até um novo aviso. São eles: Last Week Tonight with John Oliver, The Late Show with Stephen Colbert, Jimmy Kimmel Live, The Tonight Show Starring Jimmy Fallon e Late Night with Seth Meyers.

Já o Saturday Night, programa que iria ao ar neste sábado (6) e seria apresentado por Pete Davidson, foi cancelado.

Premiações

O queridinho do público e dos famosos, o Emmy por enquanto ainda não está em perigo. Entretanto, devido às circunstâncias, a TV Academy liberou as regras relacionadas ao envio de produções de canais de TV e streaming, o famoso FYC (“para sua consideração”).

No passado, o cancelamento da participação no FYC geraria uma multa bem grande, mas, de acordo com o THR, as empresas terão três opções: prosseguir com o combinado, fazer ajustes no painel e apresentar coisas diferentes ou cancelar a participação.

Entre as produções que estão no ar no momento, como os programas de variedade, serão exibidas reprises no lugar de episódios novos. Até agora, nenhuma produção foi cancelada.

Entenda a greve

Na noite de segunda-feira, 1º de maio, o WGA emitiu um comunicado falando sobre a possibilidade da paralisação dos trabalhos. A nota dizia o seguinte:

“As negociações entre o AMPTP (Alliance of Motion Picture and Television Producers) e o WGA foram concluídas sem acordo hoje.”

De acordo com os roteiristas, o processo se desenvolveu durante as negociações salariais da categoria e, entre as principais queixas do grupo, estão o não recebimento de remuneração com ajustes diante da inflação, a procura por séries de televisão com temporadas mais curtas e principalmente a falta de pagamento por ganhos extras.

A inteligência artificial também engloba uma das questões e motivos pela greve; acontece que os roteiristas pedem a regulamentação do uso de IAs nas produções, mas os sindicatos não concordam e dizem que ela não pode ser usada para escrever ou adaptar qualquer material.

Além disso, a WGA tem medo de que os estúdios produzam uma economia de pequenos empregos e que os profissionais da área e seu trabalho acabem em se tornando mais como “uma profissão freelancer”.

Atualmente, é bem comum ver roteiristas trabalhando em mais de uma série ou produção ao mesmo tempo. Entre os envolvidos nas negociações estão Apple, Netflix, Amazon, Disney, Warner Bros. Discovery, Sony, Paramount e NBC Universal.

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O Writers Guild of America (WGA), que representa o sindicato dos roteiristas dos Estados Unidos, está realizando uma votação para uma possível greve. Segundo informações do The Hollywood Reporter, 97,85% dos membros elegíveis votaram a favor da greve dos roteiristas de Hollywood.

Isso significa uma demonstração sem precedentes de participação e apoio, contando com o voto de que 9.218 membros do sindicato. A primeira segunda-feira do próximo mês, 1º de maio, é o prazo final para o fim do contrato de três anos entre o WGA e a maioria dos estúdios, tornando as negociações ainda mais intensas.

Apesar da greve dos roteiristas de Hollywood contar um apoio tão massivo, isso não significa que a paralisação vá de fato acontecer. Como o cenário de 2017, quando a 97% da associação votou a favor de uma paralisação, mas ela acabou por não acontecer.

No entanto, a votação dá aos líderes do sindicato o poder de suspender as atividades caso o WGA e os estúdios não consigam negociar um novo contrato. Isso representaria a perda de milhares de trabalhadores da categoria no cinema e na TV.

A WGA enviou um comunicado aos membros em que diz o seguinte:

“Vocês expressaram a força coletiva, solidariedade e a demanda por mudanças significativas em números impressionantes. […] Armados com esta demonstração de unidade e determinação, continuaremos a trabalhar na mesa de negociações para conseguir um contrato justo para todos os escritores.”

A última paralisação realizada pelos roteiristas aconteceu em 2007. Naquela ocasião, a greve durou 100 dias e teve um grande impacto na produção de diversas séries e filmes.

Qual a intenção da greve dos roteiristas de Hollywood?

Mas por que a WGA está considerando uma greve dos roteiristas de Hollywood? Qual é a intenção e a causa dessa movimentação nos Estados Unidos? A demanda principal é aumentar a remuneração e melhorar as condições de trabalho da classe.

O pedido está vinculado especialmente com as mudanças incentivadas pela era do streaming. As plataformas geraram um boom de produções de filmes e TV, no entanto, o mercado não acompanhou o ritmo das mudanças no que diz respeito às condições de trabalho e remuneração.

Para que as condições sejam melhoradas, o WGA requer que seja estipulado um tamanho mínimo para as equipes de roteiristas de televisão e que os resíduos de TV sejam reformulados, além de aumentos no salário-mínimo.

Até o momento, o WGA e a AMPTP (Aliança dos Produtores de Filme e Televisão) não chegaram a um acordo durante as reuniões de negociação.

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