Você já percebeu que, hoje em dia, parece que há muito mais pessoas sendo diagnosticadas com TDAH (Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade) do que em outras épocas?

Pois é, essa percepção não é mera coincidência. Diversos fatores estão contribuindo para o aumento dos diagnósticos, desde mudanças na sociedade até uma maior compreensão e aceitação do problema.

TDAH: tecnologia e vida moderna

Vivemos em um mundo cheio de estímulos. A tecnologia faz parte do nosso dia a dia, nos conectando com pessoas, informações e distrações a todo momento.

Redes sociais, aplicativos, notícias e entretenimento estão a apenas um toque de distância, e é fácil se perder em meio a tantas opções.

Para algumas pessoas, especialmente aquelas com TDAH, essa abundância de estímulos pode ser um verdadeiro desafio. O excesso de informações, notificações e atividades pode agravar os sintomas de desatenção, hiperatividade e impulsividade.

E, em um mundo onde as expectativas de produtividade são cada vez maiores, é mais provável que essas dificuldades sejam notadas e, consequentemente, diagnosticadas.

Foto: Shutterstock

Outra razão para o aumento no número de diagnósticos é que, hoje, as pessoas estão mais dispostas a buscar ajuda. Se pensarmos nas gerações passadas, problemas como desatenção, agitação e dificuldade em se organizar eram muitas vezes ignorados ou vistos como “preguiça” ou “falta de esforço”.

Atualmente, existe uma compreensão muito maior sobre a saúde mental e os transtornos neurocomportamentais. Graças à informação mais acessível, muitos adultos que lidaram com sintomas de TDAH durante a infância estão, só agora, buscando um diagnóstico.

Além disso, os pais estão mais atentos aos comportamentos dos filhos e procuram auxílio quando percebem sinais de que algo pode estar atrapalhando o desenvolvimento e o aprendizado das crianças. Esse aumento na procura por ajuda também faz com que mais pessoas recebam um diagnóstico adequado.

Importante! Nem todo TDAH é igual

Quando falamos em TDAH, é importante entender que ele não se manifesta da mesma forma em todas as pessoas. Existem diferentes níveis e subtipos do transtorno. Enquanto algumas pessoas podem apresentar sintomas mais leves, que causam pequenas dificuldades no dia a dia, outras podem enfrentar desafios intensos que afetam profundamente a vida escolar, profissional e pessoal.

Existem três subtipos principais de TDAH: o tipo desatento, o tipo hiperativo-impulsivo e o tipo combinado. Cada um deles apresenta diferentes características. O tipo desatento, por exemplo, pode ser mais sutil e, muitas vezes, passa despercebido, especialmente em adultos. Já o tipo hiperativo-impulsivo é mais evidente e pode ser notado em crianças que apresentam muita agitação e impulsividade.

Essa variedade nos sintomas é outro motivo para o aumento dos diagnósticos. Hoje, os profissionais de saúde mental estão mais capacitados para identificar as nuances do transtorno, reconhecendo casos que poderiam ter passado despercebidos em gerações anteriores.

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Jogos de RPG estão sendo utilizados em tratamentos de crianças com Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH).

Eles têm sido uma boa alternativa para desenvolver habilidades socioemocionais, funções executivas e incentivar, até mesmo, a prática esportiva.

Essa não é a primeira vez que os games surgem como uma solução para tratamentos médicos ou psicológicos, mas as possibilidades oferecidas pelo RPG se destacam e o colocam, automaticamente, como um elemento importante no desenvolvimento de crianças com TDAH.

O RPG (Role-Playing game) se caracteriza por colocar os jogadores nos papéis de personagens do game.

Ele cria narrativas de forma colaborativa, em contato com outras pessoas virtualmente, e isso ajuda no aprimoramento das habilidades emocionais e sociais dos pequenos.

Auxílio no tratamento

Uso de jogos RPG ajuda no tratamento de crianças com TDAH – Foto: Reprodução

O mestre em Psicologia Clínica pelo Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo (USP), Germano Henning, explica que o RPG é usado de forma primária, voltado para desenvolver os artifícios sociais da criança, mas que é capaz, sim, de auxiliar no tratamento de outros quadros clínicos.

Cada sessão de RPG envolve de três a seis participantes. Segundo o psicólogo, os grupos são definidos conforme o perfil psicológico e dados de diagnóstico, idade e interesses em comum.

A ideia é que a criança se sinta à vontade entre pessoas com as mesmas características e afinidades.

Todo o processo que envolve a sessão de RPG parte de um planejamento prévio, com táticas voltadas para cada participante.

O objetivo é intervir individualmente nas habilidades sociais das crianças em tratamento. Com isso, é possível avaliar comportamentos verbais e não-verbais.

A observação psicológica, nesse tipo de interação, é capaz de identificar, por exemplo, contatos visuais, reações, graus de empatia com o colega que perdeu, demonstração de consciência, outros aspectos.

Como funciona a sessão de RPG?

As sessões de RPG ocorrem, geralmente, em um setting tradicional, ou seja, uma mesa onde os participantes se sentam em volta. Um deles fica encarregado de ser o narrador da história (ou mestre do grupo) e os demais atuam como jogadores.

Cada paciente deve criar um personagem único, de modo que a evolução dele no jogo vai depender das aventuras e ações do jogador.

As jornadas podem durar meses e até anos, o que torna a vivência no game ainda mais imersiva e intensa.

Especialistas na área reconhecem o crescimento do uso de jogos online em diversas terapias e tratamentos, especialmente nas que envolvem atividades em grupo, mas ainda faltam estudos mais detalhados nessa área.

Dessa forma, a adoção de games deve ser bem avaliada e direcionada. Não se trata, portanto, de uma técnica válida para todos os pacientes.

É algo que depende muito do quadro clínico, do transtorno sofrido e do contexto psicológico.

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Diversas pessoas já ouviram falar de transtornos como ansiedade, TDAH e depressão. Porém, muitos se esquecem que as celebridades são pessoas como nós. Ou seja, se esquecem que elas podem ter os mesmos problemas que pessoas “comuns”. Mas, afinal de contas, o que isso significa?

Significa que problemas como o TDAH, que causa transtornos para várias pessoas, podem estar presentes na vida de indivíduos que você conhece pelas mídias, por meio de filmes, músicas ou esportes. Alguns cantores que possuem esse transtorno são os famosíssimos Justin Timberlake e Britney Spears, por exemplo.

No entanto, uma outra cantora revelou recentemente que também foi diagnosticada com o “Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade”. Essa pessoa é a cantora e compositora Lily Allen, muito conhecida por músicas como “F*** You” e “Smile”.

Lily Allen e seu processo com o TDAH

De acordo com a cantora, descobrir que possuía o transtorno a afastou das redes sociais. Isso porque qualquer pessoa que possui o TDAH sabe: redes sociais como TikTok, Instagram ou Twitter os fazem perder muitas horas por dia em uma espécie de “transe”.

A cantora revelou a informação de seu diagnóstico em uma recente entrevista para o jornal The Times. Foi nele que Lily Allen revelou o seguinte:

“Isso meio que corre na minha família. E [o diagnóstico] é apenas porque estou nos Estados Unidos, onde eles levam essas coisas um pouco mais a sério do que na Inglaterra.”

Com isso, Allen faz uma referência não apenas ao fato de o transtorno ser aparentemente uma característica genética de sua família, mas também à falta de suporte a tratamentos e diagnósticos em Londres, cidade na qual a cantora nasceu.

O TDAH, ao contrário do que muitas pessoas pensam, não é a falta de atenção; pelo contrário, pessoas com o transtorno podem sofrer de algo conhecido como “superfoco”.

Isso condiciona a (como fica claro, por seu nome) uma atenção fora do comum, muitas vezes para assuntos ou atividades as quais não têm importância no momento.

Além disso, há também a troca de foco; novamente, não significa que há a desatenção. Porém, o foco de uma pessoa com TDAH pode passar imediatamente de uma coisa para outra, sem que a atividade anterior tenha sido concluída.

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