Com o sucesso estrondoso do anime ‘The Leveling of Solo Leveling’, baseado no manhwa de mesmo nome, a indústria dos quadrinhos asiáticos está em ebulição.

E uma pergunta intrigante surge: será que os manhwas, os quadrinhos coreanos, podem destronar os mangás, os tradicionais quadrinhos japoneses, como a principal força do mercado?

Por que os manhwas podem superar os mangás?

Manhwas, os quadrinhos digitais da Coreia do Sul, são conhecidos por sua leitura de esquerda para a direita, semelhante ao padrão ocidental.

Essa abordagem facilita a adaptação para novos leitores e está em contraste com a estrutura tradicional dos mangás japoneses.

Com o passar dos anos, muitas obras coreanas começaram a ser adaptadas para doramas e filmes, enquanto algumas recentemente têm encontrado espaço no mundo dos animes.

‘Solo Leveling’ é um dos manhwas mais populares – Imagem: Yen Press/Reprodução

No documentário ‘The Leveling of Solo Leveling’, o Presidente da Associação Coreana de Webtoons, Seo Bum Gang, é categórico:

“Acho que os webtoons coreanos têm uma grande chance de se tornar a principal força do mercado global de quadrinhos.”

Segundo ele, uma das principais vantagens dos manhwas é o formato digital.

Publicados em plataformas como Piccoma, Webtoon, Tapas e TappyToon, os webtoons são otimizados para leitura em smartphones, aproveitando o hábito de ‘scrollar’ as telas.

Essa praticidade facilita o consumo e atrai novos leitores, especialmente os mais jovens.

Assim como os mangás, os manhwas abrangem uma ampla variedade de gêneros, desde ação e romance até fantasia e drama.

Porém, os quadrinhos coreanos se destacam pela arte colorida e vibrante, o que os torna mais atrativos para quem ainda não é fã de quadrinhos.

Outra vantagem dos manhwas é a facilidade de adaptação para outros formatos. Diversos quadrinhos coreanos já foram transformados em doramas (séries dramáticas coreanas) de sucesso, como ‘True Beauty’ e ‘Itaewon Class’.

E, cada vez mais, os manhwas estão ganhando adaptações para animes, como ‘Tower of God’ e ‘Noblesse’, expandindo seu alcance global.

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Nos últimos anos, o universo dos quadrinhos expandiu-se para além das páginas impressas e encontrou um terreno fértil na internet, conquistando uma legião de fãs e entusiastas em todo o mundo. Entre as formas mais proeminentes desse fenômeno estão o mangá, o manhwa e o manhua.

Embora compartilhem raízes comuns como formas de narrativa gráfica, cada um desses estilos possui características únicas que os distinguem e os tornam verdadeiros representantes das culturas e tradições de seus países de origem.

Conheça as diferenças entre os gêneros de quadrinhos

Manhwa

O termo “manhwa” é usado para se referir aos quadrinhos sul-coreanos. Assim como os mangás, os manhwas abrangem uma diversidade de gêneros e estilos artísticos.

No entanto, uma diferença notável é a disposição da leitura, que ocorre da esquerda para a direita, similar ao formato ocidental. Os manhwas frequentemente exploram narrativas complexas e profundas, com ênfase em personagens bem desenvolvidos e temas maduros.

Imagem: Letsgeek/Reprodução

Manhua

“Manhua” é o termo chinês para os quadrinhos produzidos na China. Uma característica marcante dos manhuas é a sua estética única, que pode incluir uma ênfase na arte detalhada, especialmente em cenários e trajes tradicionais.

As temáticas abordadas nos manhuas geralmente são influenciadas pela rica história e mitologia chinesa, bem como pelos desafios da atualidade enfrentados pelo país.

Imagem: Mestre Toy/Universo Geek/Reprodução

Mangá

Por fim, o termo “mangá” refere-se aos quadrinhos japoneses, que desempenham um papel cultural significativo no Japão e ganharam popularidade em todo o mundo. Os mangás abrangem uma ampla variedade de gêneros, que vão desde ação, romance, fantasia, ficção científica até horror e slice of life.

As características distintas dos mangás incluem os olhos grandes e expressivos dos personagens, as narrativas que muitas vezes combinam drama emocional com humor e a leitura da direita para a esquerda, devido à orientação da escrita japonesa. O gênero é um dos mais populares na indústria dos quadrinhos.

Imagem: One Piece/Reprodução

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O portal The Economist, em sua última edição, publicou um artigo com o título “Os mangás japoneses estão sendo eclipsados ​​pelos webtoons coreanos”. Com isso, o jornal voltou a atenção dos leitores para a diminuição do tamanho do mercado de mangá japonês quando comparado ao crescimento do mercado coreano de manhwa.

Foto: Reprodução

Em meio a esse contexto recente, o artigo do The Economist afirma:

“No ano passado, o mercado de impressão de mangá encolheu 2,3% para ¥ 265 bilhões (US$ 1,9 bilhão). O tamanho do mercado global de webtoons foi avaliado em US$ 3,7 bilhões – e projetado para atingir US$ 56 bilhões até 2030.“

Em forma de livro, o mangá começou a ser publicado em 1960. A estrutura dele é diferente dos livros convencionais, pois suas páginas são produzidas para que o leitor vire as folhas da direita para a esquerda e leia verticalmente.

Para japoneses, coreanos e fãs de mangá, essa forma de leitura faz praticamente parte do cotidiano. Com a evolução da tecnologia, o design foi para o digital, dificultando a leitura por conta das letras menores. Com isso, os leitores precisam ficar o tempo todo ajustando.

Por outro lado, pensando no mundo digital, os manhwas coreanos são estruturados para as telas dos smartphones. Dessa forma o mercado cresceu, ganhando mais leitores por meio da facilidade de leitura e da narrativa intuitiva.

De acordo com a Korea Creative Content Agency, o tamanho do mercado de manhwa é de 1,538 trilhão de KRW (1,2 bilhão de dólares) em 2021.

Outros motivos por que os manhwas estão em alta

O The Economist também fez uma análise e verificou que os manhwas coreanos da web estão fazendo bom uso da “inovação” e do “marketing inteligente”, juntamente com a popularidade global do conteúdo coreano, como o drama da Netflix “Squid Game” e os grupos de K-pop, como o BTS .

O jornal não deixou de falar da arte dos mangás e ainda afirmou:

“Ao se ater ao que faz de melhor, a indústria do mangá pelo menos manteve seus pontos fortes. Seus layouts complicados podem transmitir narrativas sofisticadas. E muitos mangás são maravilhas artísticas, com designs manipulado no nível do milímetro.

Testemunhe os intrincados desenhos a tinta em ‘Vagabond’, uma série épica de artes marciais, ou as ilustrações surrealistas de ‘Berserk’, uma fantasia medieval.”

Apesar de a arte mandar no formato original, existe uma preocupação com o futuro dos mangás, já que os fãs estão envelhecendo e migrando para a leitura dos manhwas.

Em suma, o número médio de leitores da famosa Weekly Shonen Jump Magazine diminuiu à medida que os mais jovens passaram a ler manhwas coreanos em seus smartphones.

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