As mulheres no Brasil tiveram um papel fundamental ao longo da história do país, desde a chegada dos colonizadores europeus até os dias atuais.

Durante o período colonial, elas eram em sua maioria responsáveis pelos afazeres domésticos e mantidas à margem da participação política e econômica.

No entanto, ao longo dos séculos, as mulheres brasileiras conquistaram cada vez mais espaço e direitos, contribuindo de forma significativa para o desenvolvimento da sociedade. Uma dessas pioneiras passou quase despercebida pela nossa história.

Um marco histórico importante

A história de Catarina Paraguaçu, a primeira mulher indígena alfabetizada do Brasil, é um exemplo de resistência e luta por educação em um contexto de discriminação e exclusão.

Em uma época em que as mulheres, especialmente as indígenas, eram marginalizadas e silenciadas, Paraguaçu desafiou as normas sociais ao aprender a ler e escrever.

Casada com o português Diogo Álvares, o Caramuru, Paraguaçu não se limitou ao papel de esposa, mas também reivindicou o direito à educação das mulheres.

Sua carta ao padre Manoel da Nóbrega em 1561 é um testemunho de sua habilidade literária e seu desejo de ampliar os horizontes das mulheres indígenas.

Retrato de Catarina e Diogo – Imagem: Paulo Argollo/Reprodução

Apesar da importância de sua conquista, a história de Paraguaçu é muitas vezes reduzida ao seu casamento com Álvares.

Porém, seu legado perdura como um exemplo de determinação e coragem em um contexto de opressão.

A luta pela educação das mulheres indígenas não terminou em Paraguaçu. Ao longo dos séculos, outras mulheres indígenas como Maria Pankararu e Susana Kaigang seguiram seus passos, conquistando títulos acadêmicos e recontando a história dos povos ancestrais e mulheres originárias.

É fundamental reconhecer e valorizar a contribuição das mulheres indígenas para a sociedade brasileira e garantir que suas vozes sejam ouvidas e respeitadas.

A história de Catarina Paraguaçu é um lembrete poderoso da importância da educação e do empoderamento das mulheres indígenas, que continuam a desafiar estereótipos e preconceitos em busca de igualdade e justiça.

Com informações de Marília Monitchele, da Veja.

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A Mattel, em sua busca para promover a inclusão e a representatividade, lançou uma opção de Barbie indígena, inspirada na digital influencer Maira Gomes, da comunidade Tatuyo.

A iniciativa faz parte de um projeto maior, intitulado ‘Mulheres Inspiradoras’, que visa celebrar mulheres que servem como fonte de inspiração para futuras gerações.

Maira Gomes, conhecida carinhosamente como ‘Cunhaporanga’ nas redes sociais, foi escolhida para fazer parte deste seleto grupo de garotas inspiradoras.

Com uma audiência de quase meio milhão de seguidores no Instagram e mais de 6 milhões no TikTok, ela compartilha sua rotina na tribo indígena Tatuyo.

A Barbie indígena, feita à semelhança de Maira Gomes, é uma homenagem à rica herança cultural das indígenas brasileiras.

Maira Gomez e a Barbie indígena lançada pela Mattel – Imagem: Mattel/Reprodução

Além de celebrar a diversidade, tal iniciativa reforça a mensagem da Barbie de que as meninas podem ser o que quiserem.

Como parte da coleção global de ‘Barbies inspiradoras’, a nova boneca representa um passo significativo em direção à representação inclusiva e à valorização da diversidade em brinquedos.

Coleção ‘Barbies inspiradoras’

A Mattel selecionou um grupo diversificado e inspirador de mulheres para homenagear como parte de sua coleção global de ‘Barbies inspiradoras’.

Além de Maira Gomes, a digital influencer indígena do Brasil, as outras homenageadas incluem figuras influentes de diversas áreas e países ao redor do mundo.

Lila Avilés, diretora, produtora e roteirista do México, é reconhecida por seu trabalho inovador na indústria cinematográfica.

Já Viola Davis, renomada atriz, ativista e filantropa dos Estados Unidos, é uma voz poderosa na luta por representação e igualdade.

Helen Mirren, uma das atrizes mais respeitadas do Reino Unido, é conhecida por sua versatilidade e talento.

Enquanto isso, Shania Twain, cantora e compositora do Canadá, é uma verdadeira lenda da música country.

Kylie Minogue, superstar da Austrália, conquistou fama internacional com sua música e estilo icônico.

Nicole Fujita, modelo do Japão, representa a beleza e a moda asiática em escala global.

Por fim, Enissa Amani, comediante e ativista da Alemanha, usa sua plataforma para promover a inclusão e o empoderamento feminino.

Cada uma dessas mulheres é uma fonte de inspiração na própria área de atuação, demonstrando talento, coragem e determinação em suas carreiras e causas. Confira os demais exemplares da boneca:

Mulheres que inspiram – Imagem: Mattel/Reprodução

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Um trabalho diferenciado da Universidade de São Paulo (USP) tem ganhado destaque internacional ao explorar a rica perspectiva indígena em uma animação cativante.

O trabalho de conclusão de curso (TCC) “Eîori! um horizonte existencial”, criado por Kelly Silva de Oliveira sob a orientação da docente Silvia Laurentiz, foi selecionado para a Student Animation Showcase, uma prestigiosa exposição internacional de TCCs de animação.

Essa conquista é notável, já que é a primeira vez que um filme da USP é selecionado para esse evento e compartilhado online com trabalhos de universidades renomadas de todo o mundo.

Explorando uma perspectiva de mundo única

Kelly Silva de Oliveira, a autora por trás desse projeto inovador, baseou seu trabalho em uma perspectiva indígena de ver o mundo, buscando entender o conhecimento e a sabedoria que emergem dessa visão única.

Imagem: Student Animation Showcase/Reprodução

Inspirada por obras como “A Queda do Céu”, de Davi Kopenawa Yanomami e Bruce Albert, bem como nas ideias provocativas de Ailton Krenak, Kelly explorou a conexão entre sonhos, decisões e o cosmos.

Em “Eîori! um horizonte existencial,” um jovem indígena embarca em uma jornada por uma floresta, onde se encontra com uma onça. A animação se desenrola com a perspectiva de que, mesmo diante de desafios aparentemente insuperáveis, existe sempre uma nova perspectiva, uma nova possibilidade.

A mensagem subjacente é clara: há mais a aprender com as visões de mundo indígenas do que com a visão eurocêntrica convencional.

A produção do curta-metragem também foi uma jornada artesanal. Kelly Silva de Oliveira optou por criar todo o cenário em 2D e animar os personagens em stop motion. O resultado é um estilo visual único que abraça o aspecto manual e artesanal, destacando-se pelo seu apelo visual singular.

Como a autora reside em Cabreúva, interior de São Paulo, montou um estúdio caseiro para dar vida às cenas do projeto. Esse processo meticuloso e dedicado culminou em uma obra que não apenas encanta visualmente, mas também profundamente, transmitindo uma mensagem valiosa sobre perspectivas de mundo alternativas.

Kelly Silva de Oliveira, que se formou em Artes Visuais na ECA da USP neste ano, atualmente está cursando mestrado em Design de Animação na Universidade Anhembi Morumbi.

Ela planeja continuar sua pesquisa e produzir outra animação inspirada por seu contato com a comunidade indígena Guarani Mbyá, na região de São Bernardo do Campo, na Grande São Paulo.

A seleção de “Eîori! um horizonte existencial” para a Student Animation Showcase demonstra não apenas a excelência da produção da USP, mas também a importância de promover perspectivas indígenas e culturas alternativas no mundo da animação e da academia.

Student Animation Showcase

A Student Animation Showcase é uma iniciativa anual organizada pela Animation Educators Forum (AEF), uma comunidade internacional de professores e profissionais de animação, afiliada ao International Animated Film Society (Asifa-Hollywood).

Neste ano, a exposição apresentou 133 curtas-metragens individuais de 21 universidades diferentes, destacando-se como um local para compartilhar e celebrar a criatividade e a inovação na animação.

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Mais três filmes clássicos da Disney estarão disponíveis para assistir em vários idiomas indígenas e africanos a partir de sexta-feira, 7 de outubro. Bambi, Moana e O Rei Leão estão recebendo novas opções de dublagem na plataforma de streaming Disney+.
Bambi terá uma nova dublagem na plataforma de streaming Arapaho. Segundo Collider, é uma língua indígena originária da América do Norte do Colorado e Wyoming, onde é falada por aproximadamente 1.000 (no máximo) pessoas.

Um fato curioso é que a dublagem em Arapaho deste filme foi registrada pela primeira vez em 1990 e foi a primeira vez que a Disney trabalhou com áudio em língua indígena na história de suas produções.
Moana, por outro lado, recebe uma voz taitiana falada no Taiti e em outras ilhas da Polinésia Francesa. O filme de aventura de Motu Nui é o primeiro a apresentar totalmente dublado neste dialeto. Até agora, só estava disponível nesse dialeto nas escolas e outras instituições.

E por último, O Rei Leão será disponibilizado no Disney+ com dublagem em Zulu, de origem Bantu e falado principalmente na África do Sul.
Essa língua de origem do povo da região Congo-Angola, escravizado e enviado principalmente para o Brasil, influenciou à língua nativa formada pelos indígenas, e até então “colonizada” pelos portugueses, ao idioma do grupo bantu. Sendo que, a influência desse povo no solo brasileiro, não se limitou apenas à língua.

O Brasil, que é uma nação cheia de complexidade e diversidade, possui a mistura que é o reflexo de ter abrigado inúmeros imigrantes de variadas origens. No caso do povo africano, que, segundo a socióloga Prates (2022) “número de escravos que entraram no Brasil até o fim do tráfico negreiro, em 1850, girou em torno de 3,8 a 4 milhões de negros.”, foi um continente que deixou suas marcas além, somente, do jeito de falar, influência essa marcada não só pelos indígenas, mas acabou sendo uma construção de ambos os povos para a nação brasileira.

Curiosamente, a história de Simba já tinha arquivos de áudio em Zulu no lançamento original do filme e os diretores Roger Allers e Rob Minkoff viajaram para a África do Sul para encontrar um elenco para a dublagem.
Vale ressaltar que o suporte para esses idiomas nativos pode não ser confirmado em todos os mercados da Disney, incluindo o Brasil. Pois, a consciência de que ainda há povos em que, a língua nativa deles, vem dos povos originários, é distante da realidade de um país que se diz preservador das origens. Essa iniciativa em relação à dublagem valoriza a história da construção linguística de uma terra.

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