Stan Lee, o principal nome da Marvel Comics, tinha suas ressalvas sobre algumas das narrativas mais ousadas da editora.

Em uma revelação recente, Garth Ennis, conhecido pelas obras de humor ácido, como ‘Preacher’ e ‘The Boys‘, compartilhou uma dessas discordâncias que ficaram marcadas na memória.

A discordância de Stan Lee

Durante um trabalho anterior na Marvel, especificamente em projetos envolvendo personagens como o Justiceiro e Nick Fury sob o selo MAX — que propõe uma visão mais adulta e intensa dos heróis —, Ennis percebeu que seus roteiros não eram do agrado de Lee.

Em entrevista ao site CBR, Ennis detalhou suas experiências escrevendo para a série ‘Fury MAX’, lançada em 2012.

Esta narrativa, não surpreendentemente, estava imersa em um contexto de conflitos globais, repleta de violência explícita e cenas de nudez, características que definem o selo MAX.

A série, que durou 13 edições, foi uma tentativa de levar Nick Fury a um cenário onde sua natureza belicosa era explorada ao máximo.

Garth Ennis recebeu críticas de Stan Lee por suas narrativas – Imagem: Marvel Comics/Reprodução

Ennis, conhecido por seu fascínio com temas militares, também incorporou Frank Castle, conhecido como o Justiceiro, nesta mistura densa e crítica.

O autor menciona que, apesar de saber da aversão de Stan Lee por esse tipo de abordagem, ele não se deteve, visto que nunca foi um leitor assíduo das obras de Lee.

Esta declaração de Ennis ressalta uma desvinculação consciente das raízes tradicionais dos quadrinhos de super-heróis, preferindo uma perspectiva mais crítica e menos idealizada.

Esta divergência ideológica não é apenas um detalhe na carreira de Ennis, mas uma postura que se reflete fortemente em ‘The Boys‘, série que satiriza e questiona os tropos heroicos convencionais.

E para aqueles que acompanham de perto as evoluções no mundo dos quadrinhos, a nova minissérie ‘Get Fury’, programada para estrear em maio na linha MAX, é uma continuação dessa abordagem provocativa e desafiadora.

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“The Boys”, antes de ser uma série de televisão, foi uma história em quadrinhos criada por Garth Ennis e pelo artista Darick Robertson. A trama, assim como a adaptação feita pelo Prime Video, trouxe uma visão subversiva e crítica do gênero de super-heróis, colocando em questão a ideia de poder e como ele pode transformar as pessoas.

A premissa central de “The Boys” gira em torno de um grupo de vigilantes, comandados por Billy Butcher, que buscam controlar e, se necessário, eliminar super-heróis que abusam de seus poderes.

Essa foi apenas uma das criações de Garth Ennis, o qual, entre os anos 1990 e 2000, foi um dos roteiristas mais requisitados da época. Porém, após lançar “The Boys“, a carreira de Ennis sofreu várias alterações, em especial declínios devido às crescentes repetições de seu conteúdo.

A história de Garth Ennis

Foto: Reprodução

Garth Ennis nasceu na Irlanda do Norte e surgiu como um dos escritores de quadrinhos mais influentes e provocadores de sua geração. Ele sempre mostrou estar disposto a abordar temas maduros, polêmicos e políticos em seus trabalhos, desviando do conteúdo tradicional dos quadrinhos e da narrativa de super-heróis.

Sua entrada notável no mundo dos quadrinhos ocorreu com “Hellblazer”, protagonizada pelo ocultista John Constantine. Porém, foi com “Preacher”, uma série que ele criou em colaboração com Steve Dillon, que Ennis solidificou seu status como um contador de histórias.

“Preacher” conta a história de Jesse Custer, um pregador texano que é possuído por uma entidade sobrenatural e inicia uma busca para encontrar Deus, desafiando muitas convenções religiosas e sociais ao longo do caminho. É uma combinação do humor ácido de Ennis com a crítica à religião.

No entanto, atualmente, ele ressurgiu e trouxe consigo mais uma narrativa. Intitulada “Um Passeio no Inferno”, a HQ estava disponível apenas nos EUA, mas agora terá sua versão no Brasil.

Uma nova história

Do cotidiano à perturbação sobrenatural, os agentes do FBI Shaw e McGregor embarcam em uma jornada que desafia sua compreensão do mundo como o conheciam.

Desenhada com maestria por Goran Sudzuka, a narrativa é intensamente ilustrada com cenas marcantes e visceralmente violentas, mergulhadas em situações similares da escatologia que impactam a percepção do leitor.

Essa trama, centrada na atmosfera densa e assustadora típica do gênero de terror, provou ser extremamente eficaz, causando calafrios intensos e inesquecíveis naqueles que se aventuraram por suas páginas. Devido ao seu sucesso arrebatador, a editora Alta Geek tem o orgulho de apresentar uma edição nacional da obra.

Imagem: Aftershock/Alta Geek/Reprodução

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O público, principalmente aqueles que ficavam na sua própria bolha, sempre curtiu as Histórias em Quadrinhos (HQ). Prova disso é que, nos anos 1990, os quadrinhos testemunharam uma série de ideias questionáveis envoltas em deslumbrantes ilustrações.

Enquanto o estilo narrativo se tornava cada vez mais refinado e a tecnologia de coloração e impressão avançava, as editoras habilmente disfarçavam a falta de qualidade dos roteiros com desenhos impressionantes e sequências de ação eletrizantes. Então, foi no meio disso tudo que alguém surgiu para mudar tudo o que se sabia sobre as histórias naquela época.

Foi nesse tempo que surgiu “Hitman”, a obra-prima de Garth Ennis, um talentoso escritor em ascensão. Provavelmente, você conhece esse nome. Isso porque ele é o criador de ‘The Boys‘, que acabou ganhando uma adaptação pelo Prime Video e virou um verdadeiro sucesso.

Além disso, Ennis ganhou destaque perante o público em sua passagem pelo título adulto “Hellblazer”, estrelado pelo icônico John Constantine, pertencente ao extinto selo Vertigo. Mas, hoje, daremos ênfase a uma das HQs mais pesadas da carreira de Ennis. Ela jamais ganhará uma adaptação e você entenderá o motivo.

Você já ouviu falar em ‘Hitman’, da DC?

Em uma época que a violência era um pouco mais explícita nas mídias, Ennis foi agraciado com sua primeira grande oportunidade na DC Comics, recebendo um título próprio para explorar o universo clássico de super-heróis da editora. Depois do evento de 1993, conhecido como Bloodlines, alguns personagens adquiriram poderes por meio de parasitas alienígenas que chegaram ao nosso planeta.

Um desses personagens foi o caçador de recompensas Tommy Monaghan, cuja postura de machão, humor corrosivo e habilidade impressionante com duas poderosas pistolas o tornaram um implacável assassino de monstros e criminosos. Além disso, ele ainda tinha poderes incríveis, como telepatia e visão de raio-X.

O título conquistou seu espaço e desfrutou de 60 números mensais até 2001. O bom humor rondava as brincadeiras que envolviam elementos do universo da DC, como a vez em que Monaghan vomitou aos pés do Batman. Esse tom descontraído era um diferencial da revista, trazendo um toque de leveza em meio à linha de lançamentos.

“Hitman” apresenta uma série de elementos interessantes, como a personalidade cativante de Monaghan e uma variedade de coadjuvantes. Entretanto, considerando as críticas recentes sobre heróis, como as adaptações de “Watchmen  e o próprio “The Boys” de Ennis, a principal dificuldade em transformar “Hitman” em um sucesso fora dos quadrinhos seria a necessidade de atualizar o material.

Tudo no título possui uma essência bem característica da época. Por isso, uma adaptação arriscaria acabar com alguns dos melhores momentos da obra, mesmo que conseguisse atualizar com sucesso alguns dos conceitos.

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