Criaturas fantásticas, partes do corpo humano, instrumentos científicos, plantas exóticas e outras relíquias de viagens distantes formaram a base do que ficou conhecido no século XVI como um gabinete de curiosidades.

Objetos pertencentes à história natural, geologia, etnografia e arqueologia, além de obras de arte e antiguidades, foram reunidos pelos ricos privilegiados e exibidos em salas e salões por toda a Europa em uma exibição da moda de um colecionador na sociedade.

Muitos desses artefatos formaram posteriormente o núcleo de algumas das coleções mais celebradas do mundo. Na verdade, o gabinete de curiosidades foi o antecessor do museu moderno. Mas como surgiu essa prática única de colecionar e onde você pode admirar os modernos armários de curiosidades?

O que é um gabinete de curiosidades?

O gabinete de curiosidades foi uma invenção do século XVI e do Renascimento italiano. O termo “gabinete” originalmente descrevia uma sala em vez de uma peça de mobília.

Na foto está “Dell’Historia Naturale“, de Ferrante Imperato, a ilustração mais antiga de um gabinete de história natural, que remonta a 1599. Imperato era um boticário de Nápoles.

Sua origem se deu essencialmente como um antecessor do museu moderno. Os gabinetes de curiosidades foram encontrados nas casas da realeza e da aristocracia como forma de exibir coleções de antiguidades raras e espécimes naturais exóticos.

Coleções únicas

Esses objetos foram adquiridos em longas viagens e expedições organizadas a terras distantes. A ilustração acima também é do extraordinário depositário de curiosidades de Levinus Vincent.

Cada objeto exposto em um armário dizia algo sobre o colecionador. E quanto mais raro e curioso, maior o gosto, a inteligência, a erudição, a riqueza e a estima do colecionador. Essas pessoas eram vistas tanto como intelectuais quanto pertencentes a certo status social.

Na verdade, os gabinetes serviam para estabelecer e manter a posição na sociedade. Eles também provaram ser uma fonte irresistível de entretenimento, e sempre foram reservados aos ricos, que podiam catalogar suas coleções em volumes luxuosos produzidos por alguns dos melhores ilustradores e gravadores do país.

Algumas bizarrices também eram expostas

Armários maiores ficavam abertos aos visitantes, que podiam comprar um catálogo depois de pagar uma modesta taxa de entrada e visitar a sala. 

Gavetas e prateleiras estavam cuidadosamente empilhadas com algumas exibições verdadeiramente bizarras, artefatos que invariavelmente incluíam esqueletos de bestas e outras criaturas deformadas ou de aparência estranha.

Alguns deles eram, sem dúvida, criaturas míticas falsas que foram criadas pela fusão de diferentes animais e/ou humanos (sim, frascos com partes do corpo humano preservadas em formaldeído não eram incomuns). Na foto acima, um gabinete alemão elaborado e altamente organizado de 1745.

Do gabinete ao museu

O acesso do público aos museus e uma maior consciência da ciência, da filosofia e do mundo natural colocaram de lado o gabinete de curiosidades como espetáculos secundários um tanto esquisitos. 

Ironicamente, porém, algumas das coleções de museus mais famosas da Europa evoluíram a partir dos gabinetes de colecionadores individuais.

Museu Ashmoleano

Em 1677, Elias Ashmole doou seu considerável e valioso gabinete de curiosidades que originalmente pertencia a John Tradescant para a Universidade de Oxford.

A coleção ajudou a criar o Ashmolean Museum, o primeiro museu público do mundo. Entre as peças mais valiosas está o caixão relicário de Thomas Becket.

Kunstkamera 

Kunstkamera é um gabinete de curiosidades localizado no Museu de Antropologia e Etnografia Pedro, o Grande, em São Petersburgo, na Rússia.

Cofre Verde

Conhecido como Grünes Gewölbe, este museu localizado em Dresden, na Alemanha, é um dos mais antigos do mundo, fundado em 1723. A abóbada, uma histórica câmara do tesouro, está localizada no segundo andar do Castelo de Dresden.

Museu de Ciências da Natureza de Houston 

Hoje, existem museus espalhados pelo mundo projetados para recriar o gabinete de curiosidades dos séculos 16 e 17. Nos Estados Unidos, o Museu de Ciências Naturais de Houston abriga uma coleção permanente em um gabinete de curiosidades especialmente construído.

Embora sejam raros os gabinetes de curiosidades atualmente, muitos museus ainda prezam por esse tipo de arte em vários lugares do mundo.

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O conto sombrio e gótico de “Gabinete de Curiosidades de Guillermo Del Toro” deixou um ponto de interrogação em seu público após o quinto episódio intitulado “O Modelo de Pickman”.

O conto possui uma complexidade exacerbada e alguns acham que seu fim é perturbador. “O Modelo de Pickman” tal qual o episódio sucessor “Dreams in the Witch House” são adaptações de um conto que possui o mesmo título, foi publicado em 1926.

O talentoso e jovem artista William Thurber (Ben Barnes) é seguido enquanto ele se envolve com um conhecido que possui características misteriosas, nesse caso, Richard Upton Pickman (Crispin Glover).

Thurber e seus amigos precisam de um homem seminu para realizarem uma solicitação de pintura, com isso, Thurber impressiona-se com a interpretação gráfica de Pickman. Este que, por sua vez, fez a representação de um homem com alguns braços e pingos de sangue.

Ele fica impressionado a ponto de visitar a casa de Pickman para conhecer mais seus trabalhos, enquanto isso, toda turma ia contra sua pintura, pois a ideia era pintar aquilo que estava sendo visualizado.

Chegando na visita ao Pickman, Thurber se depara com uma série de imagens perturbadoras que fazem referência clássica a Lovecraft, com isso, sua história assustadora é contada. Com tudo isso, Thurber passa a ter inúmeras visões de pesadelo que se parecem com as histórias contadas por Pickman.

No ano de 1926, Thurber já estava casado e com um filho. Com sua nova vida e após anos, ele decide visitar Pickman a fim de conhecer seu novo trabalho, caso o mesmo deixasse o museu e sua família em paz.

Ele foi tomado por um sentimento de angústia, pois a casa era a mesma vista em seus pesadelos, completamente incomodado com as pinturas de Pickman, Thurber as queimas e acaba atirando em Pickman.

Isso não foi muito diferente de “Lote 36” do “Gabinete de Curiosidades”, quando uma entidade assustadora surge na escuridão enquanto ouve as últimas palavras de Pickman, que são “as pinturas não vem da minha mente, mas sim, da minha vida”.

Por fim, Thurber descobre que as pinturas cobrem as paredes de seu museu, que foram vistas ainda por sua família e um amigo. Sua esposa esculpiu os olhos e decapitou o filho, além disso, ela ainda preparou a carne para servir para Thurber, com isso, um ritual que havia sido prenunciado foi completado.

A bisavó de Pickman, Lavinia, foi morta por ser uma feiticeira, a história contada é semelhante aos atos da esposa de Thurber. O propósito em si do ritual nunca teve uma explicação definitiva, no entanto, Lavinia, com certeza, era integrante de algum culto que tinham essas carnes como um sacrifício para as entidades.

Por fim, Rebecca, esposa de Thurber, é vista enquanto prepara uma mesa farta semelhante com a carne de seu filho. Isso havia sido prenunciado em uma pintura de Pickman, que descobriu as ações através das “fofocas de família”.

Aparentemente, a entidade seria um monstro conhecido em “Lovecradtiano”, pois possui cânticos que fazem algum tipo de analogia ao personagem.

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