Anti-jogos? China impõe limite de gastos em videogames para menores

Governo chinês surpreende e impõe novas regras que afetam empresas como Tencent e NetEase, gerando uma movimentação negativa no mercado de videogames.

A indústria de videogames na China está no centro de uma batalha complexa entre gigantes do setor e o próprio governo chinês.

Enquanto empresas como a Tencent dominam o mercado, as autoridades têm adotado medidas rigorosas para conter o vício em jogos, incluindo até mesmo o monitoramento dos jogadores por meio de reconhecimento facial.

Novas regras têm como foco diminuir gastos com videogames

Novas regras da China estabelecem um limite para gastos em jogos – Imagem: Matilda Wormwood/Pexels/Reprodução

Na última semana, as autoridades chinesas anunciaram medidas que têm como foco bloquear gastos e incentivos em videogames, o que pode causar um impacto significativo nas principais empresas do país, considerado o maior consumidor de games.

As novas diretrizes pretendem limitar gastos e recompensas em videogames. Essas medidas afetam empresas como a Tencent, a maior do setor, cujas ações caíram até 16%, e a NetEase, sua principal concorrente, que viu uma queda de até 25% em seu valor de mercado.

A Administração Nacional de Imprensa e Publicação foi responsável por lançar as regras, o que desencadeou pânico entre os investidores.

Limites de gastos e restrições de recompensas das novas regras

As regras estabelecem limites de gastos para jogos online e proíbem a oferta de recompensas diárias aos jogadores, seja em sua primeira compra ou em compras consecutivas.

Esses são incentivos comuns, mas agora estão na mira das autoridades chinesas. A Tencent e a NetEase sofreram um impacto imediato nas ações, com uma redução massiva em seus valores de mercado.

Com a proibição de recompensas, as novas regras determinam que os jogos devem estabelecer limites para recargas nas carteiras digitais dos jogadores.

Jogos não podem oferecer recursos de sorteio inspirados em jogos de azar para menores de idade; além disso, o leilão de itens virtuais também está vetado. Essas medidas visam reduzir o gasto e conter práticas que podem ser consideradas prejudiciais.

O mercado reagiu não apenas às regras, mas também ao risco político envolvido. Steven Leung, diretor-executivo de vendas institucionais da UOB Kay Hian em Hong Kong, destacou que não é apenas a regulamentação em si que importa, mas o elevado risco político que afeta a confiança dos investidores.

A incerteza sobre o que as autoridades podem impor no futuro adiciona uma camada de instabilidade ao setor.

China já tem histórico de rigidez na regulação

Não é a primeira vez que a China toma medidas sobre os jogos – Imagem: Anthony/Pexels/Reprodução

A China tem intensificado suas regulamentações sobre os jogos ao longo dos anos. Em 2021, estabeleceu limites rigorosos sobre o tempo que menores de idade passam jogando e vetou a aprovação de novos jogos por oito meses, devido à preocupação do país com o vício.

Mesmo tendo terminado oficialmente em 2022, as restrições continuaram, focalizando agora os gastos dentro dos videogames. A repressão de 2021 já havia tornado 2022 o ano mais desafiador já registrado para a indústria dos games na China.

Em 2023, o mercado apresentou sinais de recuperação, com a receita do país aumentando em 13%, atingindo 303 bilhões de yuans (US$ 42,6 bilhões), de acordo com a associação industrial CGIGC.

As novas regras chinesas também repercutiram em escala global, levando a quedas nas ações de empresas de videogames dos Estados Unidos e da Europa.

Empresas como Roblox, Electronic Arts, Unity Software e Ubisoft sentiram o impacto negativo nas bolsas. A incerteza em relação às políticas futuras do governo chinês gerou dúvidas e preocupações entre investidores de todo o mundo.

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