Afinal, como os ricos ficam mais ricos diante de uma crise global?

A desigualdade eclodiu durante a pandemia de Covid-19. Inúmeras pessoas morreram enquanto outras caíram no mapa da pobreza. No extremo oposto desta lista, outras pessoas só ficaram ainda mais ricas nos últimos anos. Como isso é possível? Vamos discutir um pouco mais sobre o assunto agora.

A desigualdade e a crise global

Durante a pandemia em questão, foram feitos relatórios de organizações internacionais que mostraram algo curioso: os milionários ficaram ainda mais ricos durante o período de crise.

Aqueles que trabalhavam no setor de novas tecnologias e no digital se beneficiaram muito durante durante o lockdown, quando as pessoas passaram a usar cada vez mais os serviços online disponíveis.

A pandemia agravou a desigualdade tanto nos países desenvolvidos quanto nos emergentes. O Institute for Policy Studies e a Americans for Tax Fairness fizeram um estudo que revelou que a fortuna dos americanos mais ricos cresceu em 29% no começo da crise que obrigou a população a entrar em quarentena.

O caos instalado no mundo com a economia congelada, os comércios fechados e a alta absurda no desemprego não chegaram a abalar esses milionários. O relatório mencionado mostrou que as fortunas desses multimilionários simplesmente passaram de US$ 2,95 trilhões em março para US$ 3,8 trilhões em setembro.

O especialista em desigualdade social na Fundação Getúlio Vargas, Fernando Burgos, não se surpreendeu com os resultados da pesquisa e ainda citou:

“A desigualdade já estava aumentando, e a Covid-19 acelerou um processo que já vinha acontecendo no mundo todo. Os bilionários ficaram mais ricos ainda e, do outro lado, temos uma parcela da população que estava relativamente sob controle, embora sempre estivesse sob o risco de exclusão social. E agora, efetivamente caiu […] São pessoas que entraram em uma situação de altíssima vulnerabilidade“, ele conclui.

O disparo nos valores das ações

Em setembro, a empresa britânica Oxfam realizou uma pesquisa que mostrou que no mesmo período em que a economia mundial levava uma verdadeira rasteira sem aviso prévio, algumas das maiores empresas atingiram lucros incríveis.

Todas as 32 maiores multinacionais devem ter muito mais do que o lucro médio que somaram nos últimos quatro anos: simplesmente US$ 109 bilhões.

O porta-voz da Oxfam disse:

“A maior parte desses lucros excepcionais devem ser distribuídos para os acionistas. Nós estimamos que cerca de 90% desse dinheiro será compartilhado entre eles. Uma escolha que tem consequências, afinal, exacerba as desigualdades e faz com que a fortuna dos que já são ricos aumente ainda mais.”

Ele também complementa:

“Nosso relatório mostra que os 25 bilionários mais ricos do mundo ficaram US$ 255 bilhões mais ricos durante a crise, considerando apenas até meados de maio.”