Aclamado diretor diz que anos 90 foram a última década de ouro do cinema

O renomado diretor de cinema Richard Linklater expressa preocupações sobre o impacto dos algoritmos e a falta de valorização da nova geração nos cinemas; entenda.

O aclamado diretor Richard Linklater, conhecido por filmes como a trilogia “Antes do Amanhecer” e “Boyhood“, recentemente compartilhou suas preocupações sobre o estado atual da indústria cinematográfica.

Ele acredita que os anos 90 representaram a última era dourada do cinema e expressou sua apreensão em relação ao futuro da sétima arte em uma época dominada por algoritmos e transformações na distribuição.

Richard Linklater começou sua carreira cinematográfica em 1985 e, desde então, testemunhou a evolução de Hollywood, acumulando 25 anos de experiência até chegar aos seus atuais 63 anos de idade.

Sua vida foi dedicada ao cinema, mas, recentemente, ele expressou sua insatisfação com o rumo que a indústria tomou.

Linklater afirmou que talvez tenhamos visto o fim da “última era dourada do cinema”, influenciada pelo conteúdo determinado por algoritmos.

”Sinto que tudo foi com o vento, ou melhor, com o algoritmo. Às vezes converso com alguns dos meus contemporâneos com quem trabalhei durante os anos 90 e dizemos: ‘Nunca poderíamos ter feito isso hoje em dia”. Por um lado, de forma egoísta, você pensa: ‘Acho que nasci na época certa. Pude participar do que sempre considerei ter sido a última boa era do cinema’. E então você espera que um dia melhor chegue’.’

Ele expressou sua frustração ao conversar com colegas que trabalharam com ele nos anos 90, afirmando que muitos dos filmes que fizeram naquela época seriam impossíveis de realizar atualmente.

Essa transformação na indústria cinematográfica o leva a pensar que ele nasceu na época certa.

Imagem: Yandex/Reprodução

Preocupações relacionadas à nova geração

O diretor também expressa preocupações sobre se a nova geração valoriza o cinema da mesma forma. Ele observa que, embora haja jovens amantes do cinema que apreciam filmes maravilhosos, isso é, culturalmente, uma exceção.

Isso porque ele teme que, no futuro, não exista uma massa crítica suficientemente grande para sustentar a indústria cinematográfica.

Linklater identifica duas realidades em jogo: a dos filmes considerados “cult”, dos quais ele acredita que todos lamentarão mais cedo ou mais tarde, e as mudanças na distribuição que afetaram um certo tipo de cinema, dificultando a relevância cultural do filme independente.

Cinema como experimentação

Para Linklater, o cinema é sobre experimentação, e ele está desanimado com o estado atual da cultura, em que a arte e o cinema têm que competir com sistemas avançados de entrega de anúncios.

Ele ressalta que muitas pessoas inteligentes e apaixonadas simplesmente não sentem a necessidade de buscar na literatura e no cinema o preenchimento de suas vidas com significado.

Apesar de sua visão sombria, Linklater termina com uma mensagem de esperança, afirmando que é preciso acreditar que as coisas podem mudar e melhorar. Ele nos questiona se não desejamos ser um pouco melhores mais uma vez.

As preocupações de Richard Linklater sobre o estado atual da indústria cinematográfica refletem as mudanças significativas que ocorreram nas últimas décadas.

A transição para a era digital, a influência dos algoritmos e a evolução das preferências do público estão reconfigurando a maneira como os filmes são produzidos, distribuídos e consumidos.

Linklater levanta questões cruciais sobre a preservação da arte e da experimentação no cinema contemporâneo. Suas reflexões nos proporcionam a chance de contemplar o futuro da sétima arte em um mundo em constante transformação.

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