Os anéis de Saturno são ‘bem jovens’; astrônomos explicam

A pesquisa foi realizada com a ajuda do multissensor Cosmic Dust Analyser.

Quando vamos aprender sobre os planetas da Via Láctea, um que se sobressai, por ser “diferentão”, é Saturno, por causa dos seus anéis. E durante a maior parte do século XX, os astrônomos concebiam que os anéis de Saturno haviam se formado junto com o planeta, há 4,6 bilhões de anos.

No entanto, considerando informações recentes, colocaram essa concepção em xeque. Porque agora há confirmação de que os imensos anéis que adornam o planeta são formados majoritariamente por pedaços de gelo, com apenas 2% de poluição por material rochoso.

Então, seria praticamente impossível que uma composição tão pura pudesse surgir no meio do caos da formação dos planetas. Quando havia um monte de rocha flutuando para tudo quanto é lado ao redor do Sol. Então, foi a hora de refazer os cálculos.

Estudando os anéis de Saturno

Entre 2004 e 2017, o multissensor Cosmic Dust Analyzer (CDA), ou “analisador de poeira cósmica”, em português, foi instalado na missão Cassini para estudar Saturno. Ao longo dos treze anos de análise, o multissensor gerou diversos dados sobre o planeta.

A partir desses dados, um grupo de astrônomos liderados por Sascha Kempf, da Universidade do Colorado, em Boulder, foi capaz de recalcular a idade dos anéis de Saturno. Para isso, o grupo investigou 163 partículas de poeira encontradas ao redor do planeta.

Para fazer o cálculo, o grupo analisou a quantidade de poeira acumulada nos anéis. Essas partículas de “sujeira espacial” que passeiam pelo Sistema Solar se acumulam em corpos celestes.

Praticamente, assim como podemos saber há quanto tempo não limpamos nossa casa pela espessura da camada de pó sobre os móveis, é possível saber a idade do adorno de Saturno pelo tanto de “sujeira” que acumularam. Sascha Kempf explica:

“Chamamos de poeira tudo o que é maior do que alguns átomos e menor do que os corpos que são afetados pela gravidade, como rochas maiores. (…) No sistema de Saturno, a poeira é principalmente água congelada.”

Então, a análise considerou a trajetória das partículas no momento do impacto com o CDA.  Com base nisso, o grupo foi capaz de calcular a massa das partículas. Com outros dados, como a frequência dos impactos, eles conseguiram inferir que os anéis provavelmente estão acumulando poeira (poluição) há “apenas” algumas centenas de milhões de anos.

O resultado dos cálculos descobriu que na verdade os anéis de Saturno são bem jovens – para os padrões astronômicos, é claro –: eles só têm 400 milhões de anos. Para se ter uma ideia, considerando em anos humanos, isso significaria ganhar um anel de noivado aos 27 anos, um neném.

você pode gostar também