A ciência fala: novo implante cerebral é capaz de converter pensamentos em palavras

O dispositivo pode ser usado em pessoas que sofrem com problemas degenerativos na fala e já está em fase de testes. Saiba mais!

Ao longo dos últimos anos, temos vivenciado uma convergência entre as inteligências artificiais e a biologia humana, unindo essa poderosa ferramenta à capacidade cerebral.

Mesmo que, à primeira vista, a ideia de integrar o cérebro humano com inteligências artificiais possa parecer um tanto futurista ou até mesmo distópica, os avanços recentes mostram que essa junção pode ser mais benéfica e realista do que imaginávamos.

Um exemplo desse progresso é a pesquisa atual que envolve um pequeno implante cerebral capaz de reproduzir a fala em indivíduos que perderam essa habilidade em decorrência de acidentes ou traumas vasculares.

Tal tecnologia oferece uma nova oportunidade de interação para pessoas que sofrem com problemas vocais, musculares ou atrofias. Confira!

Novo implante cerebral pode transformar pensamentos em palavras

O constante avanço da tecnologia tem possibilitado um notável progresso em diversos setores da sociedade. Atualmente, a área com as inovações mais transformadoras é a saúde.

Essa evolução viabilizou diagnósticos mais precisos, tratamentos mais eficazes e uma compreensão mais profunda do funcionamento do corpo humano. Mas não foi apenas isso.

Foto: JLStock/Shutterstock/Reprodução

Um dos avanços mais inovadores do momento oferece uma nova esperança para pessoas que sofrem com a perda da habilidade de falar devido a problemas de saúde.

O novo BrainGate, um implante cerebral ainda em fase experimental, pode mudar a situação de muitas pessoas, como já acontece com a norteamericana Pat Bennett, uma das primeiras a testar o produto.

Bennett possui dificuldade na reprodução da fala devido à esclerose lateral amiotrófica (ELA), uma doença degenerativa com a qual foi diagnosticada em 2012. Graças ao BrainGate, a mulher pode contornar um dos sintomas de sua doença com maestria.

Colocado em regiões específicas do seu córtex cerebral, que são associadas à fala, o dispositivo utiliza um algoritmo de IA conhecido como interface cérebro-computador (BCI) para receber e decodificar os sinais cerebrais relacionados à fala.

Assim, Bennett agora se comunica com uma velocidade impressionante, mais de três vezes mais rápida do que os métodos anteriores de comunicação assistida.

Hoje, a paciente de 68 anos está desfrutando das possibilidades da tecnologia e conta com cerca de 62 palavras por minuto nos testes. Tendo em vista que uma pessoa adulta fala de 120 a 150 palavras por minuto, o marco de Bennet demonstra que a tecnologia realmente vale a pena.

Trabalho duro e aprendizado

Mas o sucesso do BrainGate não foi imediato: foi só após 25 sessões de treinamento intensivo, de aproximadamente 4 horas cada, que o algoritmo conseguiu identificar os padrões de atividade cerebral relacionados aos fonemas com uma taxa de erro de aproximadamente 24%.

No mesmo caminho, outro estudo utilizou deep learning para avaliar a atividade cerebral de uma paciente que sofreu AVC. Isso resultou na geração de 74 palavras por minuto, com uma taxa de erro de 25%.

Uma característica notável deste estudo é a voz sintetizada que simula a voz original da paciente. Isso foi possível ao alimentar o modelo com um vídeo da paciente antes da lesão. A paciente descreveu a experiência como emocionante e enfatizou a importância de poder falar em sua própria voz.

Vale ressaltar que o BrainGate ainda está em fase de testes e que não foi disponibilizado para o uso diário. No entanto, já representa um grande avanço e abre portas para as pessoas que precisam conviver com a impossibilidade da fala.

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