A ciência explica: descubra o que se passa em nossa mente na hora da morte

Neurologistas explicam comportamento do cérebro no momento da morte. Entenda.

Um dos maiores mistérios que acompanham a humanidade é a morte. Muitos se perguntam sobre o que acontece depois que alguém morre ou se existe mesmo vida além da que vivemos na terra.

Alguns especialistas da ciência já abordaram o tema e apontaram possibilidades para o que pode acontecer quando uma pessoa falece. Entre os aspectos que fazem uma alusão explicativa da morte, está o ponto da perspectiva neurológica.

Para a neurologia, no instante da morte, o sistema nervoso central dos seres humanos para suas funcionalidades de maneira irreversível. A forma como o indivíduo morre pode diferenciar os mecanismos acionados pelo sistema nervoso.

Esse processo é melhor explicado pelo neurocirurgião Fernando Gomes. Acompanhe a fala de Fernando abaixo:

“Existe um processo lento e progressivo que pode acontecer em algumas situações, como por exemplo um indivíduo que entra em falência de múltiplos órgãos.

O que ocorre lenta e progressivamente é que os órgãos principais são priorizados, como por exemplo o cérebro, o coração e os rins. Os outros órgãos vão sofrendo.

No decorrer do tempo, tudo para, como se fosse um ônibus que colide com um poste. Quem está dentro, aos poucos também vai sofrer uma desaceleração e para de ter o movimento em ação”, explica o neurocirurgião.

Mas o que acontece em casos de mortes não neurológicas?

O neurologista Felipe Chaves Duarte, atuante no hospital Sírio-Libanês, explica que, em casos não cerebrais, a falta de oxigênio afeta os neurônios e causa a morte celular. Entenda:

“Quando um paciente morre por causas não neurológicas, lentamente há uma perda da regulação da pressão arterial dos vasos da cabeça, com redução do aporte de oxigênio e glicose.

Com isso os neurônios entram em morte celular por hipóxia, que é a falta de oxigênio, e ocorre uma isquemia das células neuronais. Elas extravasam seu conteúdo para o meio ao redor das célula e param de funcionar’

Uma pesquisa publicada em 2014, na revista Ressuscitation, entrevistou 101 pessoas que sofreram de parada cardíaca, mas puderam se recuperar com tratamentos medicinais.

A pesquisa consistia em coletar relatos desses pacientes e os estudos revelaram que quase metade não lembra o que aconteceu na hora do ocorrido. Enquanto outros, pouco mais de 40%, afirmam ter memórias exatas e detalhadas. Outros 9% disseram que a parada cardíaca foi como uma experiência de pós-morte.

Uma outra pesquisa conseguiu analisar imagens de um cérebro humano no exato momento da morte. O estudo publicado na Frotiers in Aging tinha um paciente de 87 anos com epilepsia no centro da pesquisa.

Quando o paciente estava fazendo um exame de eletroencefalografia, ele sofreu um ataque cardíaco fulminante, por isso, foi possível captar as imagens no exato momento em que o idoso morreu. Veja o que Gomes, pesquisador, afirma:

“No estudo, foi possível captar instantes antes e depois do momento da morte desse paciente. O que se notou é que 15 segundos antes e depois houve oscilações gama.

Então acaba sendo um ritmo de funcionamento eletroencefalográfico bastante alto, com mais de 32 hertz de frequência”

As ondas gamas também estão relacionadas a atividades como memória, sonhos e meditação. Essas ondas costumam ser altas durante o sono REM (rapid eye movement, em inglês).

“Isso mostra uma possibilidade para aquela ideia que a gente tem de que no instante da morte, antes de fato da consciência ir embora, a gente passa por um momento de superconsciência, em que memórias de muita relevância, principalmente emocional são acionadas, como se passasse um filme da sua vida mesmo. Não dá para provar isso, mas do ponto de vista elétrico isso faz sentido”, explica Gomes.

O neurologista ainda explica que, em situações como mortes súbitas é mais difícil de definir o que aconteceu com o sistema nervoso central.

“Em casos de morte súbita, é muito difícil interpretar no plano consciente o que está ocorrendo por que o sistema nervoso central simplesmente deixa de funcionar e a consciência se apaga.

Por outro lado, em situações onde existe sofrimento envolvido, o indivíduo acaba perdendo a consciência e desmaiando por dor.

Existe a liberação de neurotransmissores que podem provocar uma certa sensação de conforto, de analgesia e de bem estar. Talvez isso represente um mecanismo para que a experiência não seja totalmente dolorosa.”

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